A mulher sergipana na Segunda Guerra Mundial
Texto Acadêmico

“A mulher brasileira colaborava nos preparativos para a guerra através do Serviço Feminino da Defesa Passiva Civil Anti-Aérea, das enfermeiras da Cruz Vermelha, das Socorristas, das Samaritanas e das senhoras da Escola Técnica Social.
Quando houve o torpedeamento aos navios brasileiros na costa sergipana, abriu-se aqui o curso de ‘auxiliar de enfermagem’ para a guerra através da Cruz Vermelha, e com isto a possibilidade de participação das mulheres. Cinco sergipanas canditaram-se ao curso, mas no momento da seleção por aptidão física, apenas 03 foram aceitas para incorporação ao corpo feminino do Exército brasileiro. Seguiram para Salvador para um treinamento e a seguir foram convocadas. Já no Exército, fizeram um treinamento específico de enfermagem aérea para transporte de feridos. O treinamento era muito duro, inclusive com aulas de natação em alto mar, o que, segundo as entrevistadas, desafiavam sua coragem. Antes de seguirem para o ‘front’ passaram uma semana em Miami para novo treinamento, retornando para a base de Natal, daí sim diretamente para a Itália.

(…)

Lenalda Lima Campos (Lenalda Campos Duboc) é natural de Capela – SE e, em 1940, aos dezoito anos, foi trabalhar no Palácio Serigy, na época o Departamento de Saúde do Estado, no Serviço de profilaxia da lepra.
Em seguida, por influência de um tio, que residia em São Paulo, foi estudar no Colégio Mackenzie, onde conheceu a conterrânea Joana Simões Araújo, sua futura companheira nos serviços de Enfermagem da Guerra.
Os jornais da época e informações de familiares atribuem que a decisão de prestar serviço na guerra germinou quando ocorreu os torpeamentos dos navios sergipanos na foz do Rio Real, informação mais tarde confirmada pela própria Lenalda em entrevista de viva voz.
Ela cuidou dos náufragos naquela ocasião. Tinha 22 anos. Por ocasião da guerra fez treinamento para ‘Enfermeira do ar’, transportando os feridos da Itália para o Brasil, em viagens que duravam aproximadamente 12 horas, em condições adversas. E ainda, após chegada ao Rio de Janeiro, embarcava novamente para a base de Natal, ou para onde houvesse necessidade de transportar os feridos, para em seguida retornar à Itália.”

(…)

A Guerra acabou. Os pracinhas estavam voltando. Nas ruas do Rio de Janeiro, o desfile da vitória. O Brasil festejava a paz. As mulheres guerreiras, entretanto, recebiam apenas um ‘saudações, muito obrigado e sejam felizes. Vocês foram heroínas’ (DUBOC, 2001). Houve uma rejeição muito grande quando da tentativa que as mesmas fizeram de continuarem ligadas ao Exército. (…) A partir daí se iniciou uma outra luta em defesa dos interesses dos ex-combatentes e seus familiares (…)”

Sobre este documento

Título
A mulher sergipana na Segunda Guerra Mundial
Tipo de documento
Texto Acadêmico
Palavras-chave
Tocantins Ditadura Guerrilha do Araguaia
Origem

Maria Jésia Vieira, et. al. “A mulher sergipana na Segunda Guerra Mundial”. Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe. N° 34, 2003-2005, 223-234. http://www.ihgse.org.br/revistas/34.pdf

Créditos

Maria Jésia Vieira