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Curso de Formação de Professores

5ª Olimpíada Nacional em História do Brasil

100
minutos

“A África não é um país!”

O objetivo dessa aula é propor algumas atividades que auxiliem os alunos de EM a quebrarem alguns estereótipos presentes nos meios de comunicação, nos filmes, no senso comum sobre o continente africano. Por meio de vídeos, imagens, textos os alunos deverão debater alguns estereótipos criados sobre o continente africano.

Plano de aula construído por
Paula Nomelini (Ribeirão Preto / SP)

Objetivos

- Reconhece a construção de estereótipos sobre os povos do continente africano em variados períodos da história

- Interpreta criticamente diversos tipos de documentos produzidos sobre o continente africano em variados períodos da história

- Compara as vivências, os valores, os hábitos dos povos que habitam o continente africano com os estereótipos criados sobre esses povos

- Analisa os interesses políticos, econômicos e culturais presentes na formação e na disseminação de estereótipos

Requisitos

Equipamento para os alunos assistirem a trechos de vídeos e para a reprodução de informações em power point; material impresso com textos, imagens e outros tipos de fontes para auxiliar na reflexão, no debate e na síntese escrita.

Avaliação

- Participação dos alunos no debate: avaliar se estava atento, se as colocações foram pertinentes, se interagiu com os outros membros do grupo. Os alunos devem demonstrar que reconhecem os estereótipos criados para o continente africano, conseguem articular conhecimentos históricos para justificar a criação desses estereótipos, avaliam as consequências que esses estereótipos trazem para os povos do continente africano.

- Resultados da pesquisa: perceber se o aluno executou a pesquisa, como organizou as informações, se utilizou fontes confiáveis. Nessa pesquisa o aluno deverá localizar informações que apontem os aspectos históricos, geográficos, culturais, referentes à diversidade étnica, histórica e cultural do continente africano, ressaltando as produções produzidas por estudiosos, acadêmicos, artistas e outros grupos do continente africano.

- Texto-síntese produzido sobre as aulas: texto coerente, argumentação consistente, análise histórica pertinente. O texto deve apresentar o estereótipo construído sobre o continente africano, as origens desse estereótipo e os interesses que ele representa, as consequências desse estereotipo para os povos da África e as informações produzidas por esses povos sobre o próprio continente.

1
20
min

Vídeo/Música/Imagem

Apresentação de um vídeo e 2 imagens que evidenciam a construção de 3 estereótipos sobre os povos do continente africano no século XX e XXI – África como continente de animais selvagens; África como continente de povos selvagens; África como continente de doenças e fome. Após a apresentação, o professor levantará questionamentos que façam os alunos refletirem sobre as informações apresentadas, causando incômodo com algumas ideias que são apresentadas como verdades absolutas sobre as populações do continente africano.

Vídeo – estereótipo sobre o continente (animais selvagens) – apenas os 2 minutos iniciais

Imagem 01 – estereótipo sobre os povos do continente (inferioridade e exotismo) - Caricatura de Sarah Baartman, a “Vênus Hotentote”, no século XIX. Disponível em: www.wikipedia.org

Imagem 02 – estereótipo sobre os povos do continente (fome e doença). Fotografia da Fome no Sudão em 1993, tirada por Kevin Carter

Arquivos e links
1.1
2
20
min

Atividade oral envolvendo a classe (perguntas/respostas/debate)

Em pequenos grupos, os alunos irão debater as informações apresentadas, as opiniões e informações que possuem, a forma como repetem determinados estereótipos, em que momentos encontram esses estereótipos e os seus possíveis significados a partir de um roteiro elaborado pela professora.

Roteiro para discussão

1. Qual é a imagem que você cria ao observar os dados apresentados sobre o continente africano?

2. Qual é a imagem que predomina em telejornais, jornais, internet e filmes sobre o continente africano?

3. A imagem que circula pela mídia atual confirma a visão que você construiu a partir dos dados apresentados?

4. Quais são as imagens sobre o continente africano construídas pelas pessoas com as quais você convive? Quais são as fontes de informação utilizadas por essas pessoas para construírem as imagens sobre o continente africano?

5. O que são estereótipos? De que maneira os dados apresentados contribuem para a construção de estereótipos sobre o continente africano?

3
10
min

Atividade a ser realizada em casa pelos alunos (lição de casa)

Fechamento da primeira aula, apresentando a tarefa a ser desenvolvida individualmente em casa pelos alunos: escolher um dos estereótipos apresentados e debatidos, pesquisar informações que desconstruam esse estereótipo e registrar as informações no caderno. Para facilitar, será apresentada a listagem com os estereótipos analisados durante essa aula para que cada aluno faça a sua escolha.

Estereótipo 1 – África como o continente ocupado apenas por animais selvagens

Sites indicados para pesquisa:

Informações diversificadas- http://floresdeumdeserto.blogspot.com.br/2013/09/10-visoes-erroneas-do-continente.html

Geografia Física - http://www.sogeografia.com.br/Conteudos/Continentes/Africa/?pg=6

Estereótipo 2 – A inferioridade e o exotismo dos povos da África

Sites indicados para pesquisa:

Texto explicando a história de Sarah Baartman - http://www.tanianavarroswain.com.br/labrys/labrys13/perspectivas/marga.htm

Contexto histórico - http://www.companhiadasletras.com.br/guia_leitura/85072.pdf

Estereótipo 3 – África como o continente dominado por doenças e fome

Sites indicados para pesquisa:

Texto sobre o autor da fotografia - http://pt.wikipedia.org/wiki/Kevin_Carter

Texto sobre contexto histórico - http://www.revistacontemporaneos.com.br/n2/pdf/africa3.pdf

Reportagem - http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/onu-declara-fim-da-crise-de-fome-na-somalia

Reportagem - http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/nacoes-africanas-aumentam-gastos-agricolas-e-reduzem-pobreza-diz-estudo

Arquivos e links
4
20
min

Exposição Oral por parte do professor

Para cada estereótipo apresentado na aula anterior, o professor apresenta um dado que possa relativizar ou desconstruir o estereótipo - material xerocado para cada aluno com as referências (textos, imagens, etc para aprofundar as informações apresentadas pelo professor). Os alunos poderão participar apresentando os resultados de suas pesquisas e debatendo sobre as informações apresentadas para cada estereótipo.

Observações do professor para cada estereótipo apresentado na aula anterior, partindo do material xerocado:

Estereótipo 1

- As pesquisas e os debates devem comprovar que o continente africano apresenta uma diversidade considerável em termos de clima, vegetação e relevo. Portanto, definir o continente africano como um país, marcado pela presença de animais selvagens ou do deserto, significa ignorar a realidade geográfica do continente.

- A industrialização e a urbanização são processos presentes no continente africano, em diversos países, principalmente, a partir da segunda metade do século XX. As parcerias com países em desenvolvimento, como o Brasil, que apresentam laços históricos com países africanos, evidenciam as características econômicas e populacionais de nações do continente africano na atualidade. Além disso, o aluno deve perceber que a composição linguística e religiosa das nações africanas reforça a diversidade desse continente, marcado por experiências variadas.

Estereótipo 2

- A construção da ideia de raça, de inferioridade e de exotismo dos povos do continente africano é, historicamente, um dado recente, motivado por interesses europeus na dominação do território. Nos séculos XVI, XVII e XVIII predominava o discurso religioso para justificar a escravidão africana, atividade econômica lucrativa dentro do modelo mercantilista. A partir do século XIX e no século XX, o discurso científico passou a buscar “provas” da existência de diversas raças humanas, comprovando a inferioridade dos povos africanos e das mulheres. A relação das nações europeias com o continente africano passou a ser construída por meio dos interesses imperialistas, construindo diversas estratégias para garantir a dominação e a exploração do dos povos do continente africano. A exibição de pessoas como animais exóticos e selvagens por toda a Europa, a elaboração de estudos científicos, caricaturas e livros, a criação de filmes, histórias em quadrinho e romances foram estratégias que procuravam perpetuar os estereótipos construídos nos séculos XIX e XX sobre os povos do continente africano.

- Vídeo: “African Men Hollywood Stereotypes” do Mama Hope (com tradução do professor de inglês) para que os alunos percebam os perigos da criação e da aceitação de estereótipos como verdades absolutas. Reforçar as informações que indicam que outros povos em outros períodos se relacionavam com os povos da África por meio de admiração, trocas comerciais e aprendizados.

Estereótipo 3

- Os mapas e os textos apresentam as riquezas naturais existentes no continente africano, a localização dos locais onde a fome a desnutrição são problemas, a localização de conflitos políticos, o destaque econômico do continente africano no cenário mundial.

- Problematização desse material: 1) a legenda do primeiro mapa apresenta uma visão estereotipada sobre o continente ao colocar “Áreas com guerrilhas e/ou insuperáveis problemas étnicos”. 2) não aparecem dados sobre os países com maioria da população muçulmana, criando a imagem de que não fazem parte do continente africano. 3) apenas recursos energéticos e minerais aparecem como riquezas presentes no continente, deixando de apresentar dados sobre a indústria, a agricultura e outras atividades econômicas importantes para diferentes países do continente africano, como o turismo. 4) a influência econômica e política de países europeus, asiáticos e americanos continuam influenciando a organização política de várias nações do continente africano. Muitos governos de países do continente africano, seguem cartilhas e orientações econômicas impostas por nações estrangeiras ou centralizam seus esforços políticos e econômicos para as atividades mais lucrativas, sem mobilizar recursos para o desenvolvimento da agricultura.

- Conclusão: após os debates, as pesquisas e a análise desse material o aluno deve ser capaz de concluir que a fome e a doença são problemas sociais, causados pela falta de interesse político e da sociedade em geral na distribuição e na gestão dos recursos de cada país. Em função de um histórico de dominação e de exploração (colonialismo e neocolonialismo), no continente africano, esses problemas sociais foram agravados após os processos de luta pela independência. Entretanto, atualmente, diversas nações com democracias recentes buscam parcerias internacionais e participação em programas e organizações que visam solucionar a fome e as doenças com a estruturação de nações política e economicamente independentes.

Material xerocado para ser distribuído aos alunos

Estereótipo 1

Mapa político do continente africano

Mapa - vegetação do continente africano

LÍNGUAS AFRICANAS E SEUS USUÁRIOS

- Com mais de 130 milhões: árabe

-Com mais de 50 milhões: haussa (Nigéria e países vizinhos ao norte), suaíli(swahili), na Tanzânia (língua oficial), Quênia e Uganda (língua nacional) litoral do Índico até centro do Congo-Zaire.

-Com mais de 20 milhões: amárico (Etiópia) e berbere (Marrocos e Argélia).

- Com mais de 10 milhões: ioruba e ibo (Nigéria), grupo nguni (África do Sul: zulu e xhosa), mandinga (vários países no oeste africano). Grupo sotho (África do Sul), malgache (Madagascar), lingala (Congo/Zaire), Kikongo (os Congos e norte de Angola). (Fonte: África at a Glance. Instituto Africano da África do Sul, 1998, com estimativas de outras fontes apud África um novo olhar, de José Maria Nunes Pereira, CEAP, 2006).

AS RELIGIÕES NA ÁFRICA - estimativas em milhões de fiéis.

Muçulmanos : 360

Cristãos (católicos e evangélicos): 220

Religiões tradicionais: 115

Igrejas africanas independentes: 40

Outros : 5

Fonte: África um novo olhar, de José Maria Nunes Pereira, CEAP, 2006).

(grupabc - Nanci Vargas, 19.06.2012)

Estereótipo 2

“Durante todo o século XIX, homens e mulheres das tribos africanas foram levados à Europa para serem exibidos, ao lado dos animais, como lembra o narrador-símio de Kafka, no conto “Relatório para uma Academia”, nas feiras, teatros de variedades, espetáculos circenses e exposições universais, e para serem observados e estudados a fim de comprovarem-se as teorias médicas eugenistas sobre a superioridade da raça branca (KAFKA, 2003). Em se considerando os grupos de raças ditas inferiores, as mulheres eram definidas como ainda mais inferiores, pelo predomínio dos instintos sobre a capacidade racional.

Dos estudos da frenologia à teoria de Darwin, da craniometria à antropologia criminal, as teorias científicas evolucionistas não mediram esforços para provar a diferença hierárquica entre os povos, os gêneros e as classes.

[...]

Gilman destaca, em particular, a exibição da Vênus Hotentote pela Europa, durante cinco anos consecutivos, no início do século XIX. Nascida no Sul da África, com 1,35 m de altura, Saartjie (Sarah) Baartmann pertencia ao povo dos Hotentotes, ou dos Bushmen, e fora levada para a Europa em 1810, por causa da configuração diferenciada de seu corpo, com as nádegas muito salientes (esteatopigia) e uma espécie de “avental genital” na região frontal. Baartman foi exibida em Londres, noEgyptian Hall do Picadilly Circus, em espetáculos que hoje se chamariam de “freak souls”, lembra Citeli, mesmo sob a mira dos ataques dos abolicionistas:

"A apresentação em jaula realçava-lhe a natureza suspostamente perigosa e selvagem, a qual se associava a noção de sexualidade também perigosa, incontrolável. Para Stephan Jay Gould, a fama da Vênus Hotentote como objeto sexual provinha justamente das duas características que seu próprio apelido realçavam, ao combinar uma suposta bestialidade (“hotentote”) com as fascinação lasciva (“Vênus”). O interesse lascivo despertado pelas apresentações de Sarah fica explícito nos inúmeros cartuns que focalizavam suas nádegas” (CITELI, 2001,164).”

RAGO, Margareth. “O corpo exótico, espetáculo da diferença” Disponível em: http://www.tanianavarroswain.com.br/labrys/labrys13/perspectivas/marga.htm

Estereótipo 3

Mapa 1 - África: hostilidades à vida humana

Ilustração do mapa "África: hostilidades à vida humana", publicado em 2008 pela Ed. Ática. Ilustração Beto Uechi/Pingado.

Mapa 2 - África: riquezas naturais - distribuição e apropriação

Ilustração do mapa "África: riquezas naturais - distribuição e apropriação", publicado em 2008 pela Ed. Ática. Ilustração Beto Uechi/Pingado

Texto 1

A África ocupou a agenda do Conselho de Segurança da ONU em 2008: impasses políticos no Zimbábue, na República Democrática do Congo e no Quênia; e conflitos armados na Somália e no Sudão. Isso trouxe de volta a imagem de continente inviável, com estados falidos, guerras civis, genocídios tribais e baixo desempenho econômico. Mas a África não é tão simples nem homogênea.

Depois de 2001, sua economia ressurgiu. O crescimento médio, que era de 2,4% em 1990, chegou a 5,5% em 2008. Em países produtores de petróleo e minérios estratégicos, como Angola, Sudão e Mauritânia, as cifras foram ainda maiores. Hoje, a África é fronteira de expansão econômica e política da China e da Índia. EUA e União Européia - em especial, a Grã-Bretanha - não abandonaram suas posições estratégicas na região. Houve, em 2001, uma guinada na política africana dos EUA, agora voltada aos interesses energéticos no Chifre da África e Golfo da Guiné, e à criação de comando estratégico militar no nordeste africano. A Rússia assinou acordo econômico e militar com a Líbia e com a Nigéria sobre venda de armas e suprimento de gás para Europa, via o Saara e a Itália.

Fonte: FIORI, José Luís. Provavelmente, Deus não é africano. Le Monde Diplomatique Brasil, 24/04/2008. Disponível em: http://diplo.uol.com.br/2008-04,a2365 (com adaptações)

Texto 2

Graças a enormes reservas de petróleo, Angola vem sofrendo uma transformação radical. Isso sem falar em algumas jazidas de diamantes na fronteira com o Congo. Apenas seis anos depois de uma guerra civil de três décadas, a economia angolana é uma das que se expandem em ritmo mais acelerado, a taxas de 15% ao ano, as maiores do continente.

Fonte: Capitalismo angolano. Revista National Geographic Brasil, n. 108, março de 2009, p. 31 (com adaptações).

Fonte - http://revistaescola.abril.com.br/ensino-medio/africa-contemporanea-536570.shtml

PS: Os mapas selecionados para serem analisados pelos alunos não podem ser anexados. Acho que o tamanho excede. Seguem os links de onde foram retirados os mapas.

Arquivos e links
5
30
min

Produção escrita em grupo (alunos)

Os alunos poderão utilizar os dados apresentados na aula, debatidos e pesquisados para elaborar em grupo um Texto-síntese sobre o estereótipo pesquisado, a forma como ele foi construído, os interesses envolvidos nesse estereótipo, as repercussões e as reações dos povos do continente africano. No material impresso entregue nessa aula, há as orientações específicas sobre as temáticas que devem ser abordadas no texto e os critérios para a sua elaboração.

Orientações para a elaboração do texto-síntese

- O texto deve apresentar como ocorreu a construção de estereótipos sobre os povos do continente africano.

- Os argumentos apresentados devem comprovar como esses estereótipos não representam a realidade dos povos africanos.

- A conclusão deve demonstrar de que forma a crítica aos estereótipos auxilia na construção de uma sociedade menos desigual e preconceituosa.