Curso de Formação de Professores

No início da aula, pontua-se o primeiro objetivo que será perceber que houve a construção de um discurso negativo e preconceituoso acerca da África e dos povos africanos. O professor introduz a ideia de que esse discurso dos europeus é muito distinto das falas dos africanos, o que será percebido no documentário que será assistido pela turma.

Assiste-se ao documentário "Memória entre duas margens", de Frédéric Savoye e Wolimité Sié Palenfo. O objetivo dessa atividade será visualizar um distanciamento entre a narrativa dos europeus (ditos colonizadores) e aquela dos africanos sobre um mesmo processo. Dessa discussão, pretende-se evidenciar que a África não nasceu com a ocupação feita pelos europeus. Mostra-se um continente original constituído de distintas organizações sociais dinâmicas e que se constituíram muito antes do contato com os europeus. Para os alunos, nasce uma África que será entendida por ela mesma, sem referência aos discursos europeus e preconceitos elaborados a partir do século XV.

O documentário será assistido na íntegra. Coloquei 45 minutos, porque o máximo de tempo/aula que o sistema me permitiu inserir foi de 120 minutos – com o máximo de 45 minutos por atividade. Portanto, tive de distribuir as atividades nesses 120 minutos que o sistema permitiu. Quando, na verdade, esse plano seria realizado em 170 minutos, e o documentário assistido em duas horas/aula (90 minutos).

A leitura do texto "Diversidade do Continente Africano", de Eliesse dos Santos T. Scaramal. (In: O Ensino de História da África em debate, p.18-24), deixa bastante claro que "ao longo de vários séculos foi-se construindo sobre a África um imaginário negativizado, que a coloca como o continente sem lei, sem cultura e sem história, um continente estanque, que vive em constante estado de selvageria e barbárie. A mesma lógica da construção deste imaginário é que alimenta hoje os racismos e preconceitos existentes sobre o negro, e os estereótipos que ainda hoje são mantidos sobre a África e os diversos povos que ali vivem" (p.23). Para a autora, "conhecer o continente africano, portanto, se torna o primeiro passo para desconstruirmos estes estereótipos. Estudar a cultura dos povos que ali viveram e vivem, as formas organizacionais que ali se desenvolveram, e as grandes civilizações que tiveram no continente africano seu berço e sua história". E será essa a proposta de estudo para a turma: conhecer o continente africano ao estudar a cultura dos povos que ali se desenvolveram.

A turma será dividida em cinco grupos, e cada grupo realizará uma pesquisa sobre os povos africanos: banto, ganense, manden, ioruba, benin. Cada grupo deve contextualizar a origem do grupo social estudado, localizar no mapa o espaço ocupado pela etnia, descrever a região, caracterizar a língua, religião, cultura, organização política e social, referenciar mitos e uma possível herança cultural na população local atual. A pesquisa será feita em casa, em bibliografia indicada pelo professor – livro didático - e também em sites da internet, e o grupo organizará um texto/trabalho escrito com os dados e também uma apresentação para a aula da semana seguinte.

Nesta aula, acontecerá o seminário com a apresentação das pesquisas realizadas por cada grupo de alunos. Ao final do mesmo, relaciona-se as características de cada povo africano, e evidencia-se a sua diversidade e as singularidades culturais. Nesse sentido, revela-se um continente multicultural, muito distinto daquelas concepções europeias que acabaram por formar uma imagem negativa do mesmo. Da mesma forma, ao abandonar o viés colonialista e sua vinculação ao sistema escravocrata, entende-se que muitas foram as contribuições da África e dos africanos para o mundo.