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Curso de Formação de Professores

5ª Olimpíada Nacional em História do Brasil

110
minutos

O Racismo numa Pátria de Chuteiras

O futebol é certamente um dos elementos que mais força tem na criação de uma identidade nacional. Nomes como Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Pelé, são a maior referência do Brasil no exterior. Pretendemos utilizar a paixão nacional - o futebol - para propor um trabalho de reflexão sobre a discriminação em que estão expostas cotidianamente as pessoas negras no Brasil.

Plano de aula construído por
Andre Betti (Valinhos / SP)

Objetivos

Denotar a importância nas relações raciais no Brasil, em que os negros são invariavelmente expostos de forma desproporcional a constrangimentos, utilizando para isso análise e a interpretação de situações em uma atividade que mexe com paixão do brasileiro: o futebol.

Série ou Nível: Ensino Fundamental. O professor poderá inserir a aula no estudo de temas relacionados aos afrodescendentes na História do Brasil, adequando a atividade proposta e o grau de complexidade.

Requisitos

- Computador & Data Show;

- Acesso a internet;

- Filme: “Barbosa” – Curta-metragem - Direção: Jorge Furtado e Ana Luiza Azevedo;

- Textos (cópias);

Avaliação

a) o professor deve mediar um debate coletivo sobre o filme e relacioná-lo com os textos.

- Confrontar com o conhecimento espontâneo dos alunos.

b) desenvolver um pequeno texto individual com o tema: “De Zumbi a Pelé - O Racismo no futebol”.

c) dividir a sala em grupo e propor atividades diferenciadas sobre o tema: elaborar cartazes, painéis, jornais, seminários, apresentação em slides, teatros, etc.

1
15
min

Vídeo/Música/Imagem

Filme: “Barbosa”

Curta-metragem

Duração: 12 minutos

Direção: Jorge Furtado e Ana Luiza Azevedo

2
5
min

Exposição Oral por parte do professor

O vídeo conta a história de um rapaz que volta a 16 de julho de 1950 para tentar evitar a falha do goleiro Barbosa, que tirou a Copa do Mundo de Futebol do Brasil em plena inauguração do estádio do Maracanã. Esta copa vai criar um estigma em relação ao goleiro. Os goleiros negros da seleção brasileira passam a ser preteridos em relação aos goleiros brancos.

3
10
min

Leitura de texto em sala de aula

Texto 1:

No Brasil, o futebol é uma questão nacional, entretanto, quando sofremos um insucesso em competições importantes tendemos a procurar um culpado que possa personificar a derrota. Neste estudo, analisamos alguns jornais após as derrotas do Brasil em Copas do Mundo.

A Copa de 1950 - O Brasil foi derrotado nesta copa pelo Uruguai. O jogo final parece ser encarado pela mídia e pelo povo como mais uma obrigação do regulamento do que propriamente uma final. O Brasil é pego de surpresa e as manchetes vão focalizar a falta de coragem, fibra, raça dos brasileiros. “Sem fibra, os brasileiros não souberam enfrentar a flama de um adversário corajoso” (Correio da Manhã, 18/07/1950:1, 2º caderno); “deixaram-se levar pelo nervosismo e jogaram abaixo da crítica, inclusive Jair, acovardado com a marcação severa do velho Obdulio Varela” (O Diário do Povo, 18/7/1950:6).

Esta copa vai criar um estigma em relação ao goleiro. Os goleiros negros passam a ser preteridos em relação aos goleiros brancos. O próprio Mario Filho faz um comentário a respeito de Barbosa que reforça esta idéia: “Até que apareceu Barbosa, realmente um grande quíper, grande tremedor, porém. Tremeu tanto num jogo contra os argentinos em 45 que teve de mudar o calção quando acabou o primeiro tempo” (Mario Filho, 1994:193).

Texto 2:

“Helton hoje protagoniza uma espécie de duelo particular com Dida, goleiro do Corinthians. Os dois são jovens, negros e admirados pelo treinador da Seleção Brasileira, Wanderley Luxemburgo. - Sei que havia uma lenda de que goleiro negro era ruim, mas sempre procurei ignorar isso. Mas realmente penso em fazer com que as pessoas esqueçam este tipo de preconceito. Todos somos irmãos - acredita Helton, que defenderá um título Mundial 50 anos depois de Barbosa, também do Vasco, ter perdido uma Copa com a Seleção Brasileira, também no Maracanã. O ex-goleiro e atual assistente técnico do Corinthians, Valdir de Moraes, também comentou a lenda do goleiro negro ruim: - Nunca tive esse preconceito. Meu maior ídolo no gol foi o Barbosa. Esse estigma que foi criado no Brasil é um absurdo, ainda mais num país de miscigenação tão forte. O que importa é o talento” (Lancenet, 14/01/2000).

(Sebastião Josué Votre)

Texto 3:

Para começar, uma constatação: existe racismo no Brasil. Pode parecer tolice escrever algo tão óbvio, mas o que mais prejudica a erradicação dessa mazela é justamente a crença na figura do brasileiro cordato, miscigenado e não preconceituoso. Grafite, negro, magro e alto, não se sente ofendido por ter recebido o apelido de Grafite - cuja origem está evidentemente ligada ao seu tipo físico. É provável que o mesmo tenha ocorrido com Escurinho, Marcelinho Paraíba (em vez de paraibano), Jorginho Carvoeiro, Júnior Negão, entre tantos outros artistas da bola.

(Marcos Caetano)

Texto 4:

Nunca é demais lembrar que, nas décadas de 10 e 20 do século passado, os primeiros jogadores negros lançavam mão de artifícios como pintar o rosto com pó de arroz (daí as torcidas de alguns times como o Fluminense terem o apelido de “pó de arroz”), ou mesmo esticar os cabelos crespos com chapinha, como foi o caso do Friedenreich, considerado um dos primeiros craques do futebol brasileiro, filho de mãe negra e pai alemão.

(Dojival Vieira)

4
20
min

Atividade oral envolvendo a classe (perguntas/respostas/debate)

Coletar o conhecimento espontâneo dos alunos, com o objetivo de fomentar um debate para as sequencia das atividades:

1) O que é racismo?

2) O Brasil é um país racista? Justifique.

5
25
min

Produção escrita individual (alunos)

Desenvolver um pequeno texto individual com o tema: "Racismo no futebol”.

6
35
min

Seminário em grupo (alunos)

Dividir a sala em grupo e propor seminários diferenciados sobre o tema. Os grupos estão livres para escolher a modelo de apresentação: produção de cartazes, painéis, jornais, apresentação em slides, etc.

Pretendemos com esse trabalho, denotar a importância nas relações raciais no Brasil atual, em que os negros são invariavelmente expostos de forma desproporcional a constrangimentos, utilizando para isso análise e a interpretação de situações em uma atividade que mexe com paixão do povo brasileiro: o futebol. E relacionar estas situações com a discriminação em que estão expostas cotidianamente as pessoas negras no Brasil – jogadores de futebol ou não.