Vivenciar com os alunos aspectos da cultura africana no Brasil para que se busque entender nossa diversidade identitária, nossa história e sua relação endêmica com a história do continente africano e com o mundo atlântico. Suscitar nos alunos questões de caráter identitário através da valorização da cultura africana e afro-brasileira, quase sempre ausente do espaço escolar pelas vias formais. Tratar do conteúdo de história da África de forma transversal, privilegiando neste primeiro momento o aspecto sensibilizador que é necessário ter para com este tema, na perspectiva ampla de quebra de preconceitos e real apropriação pelos alunos deste universo cultural tão presente em nossas vidas e ao mesmo tempo desprivilegiado na formação institucional da maioria de nós. Disputar, através de nossa prática educativa em sala de aula, o espaço institucional da educação formal, pela condução aos grandes objetivos da educação popular do educador Paulo Freire. Reconhecimento e valorização da oralidade como forma privilegiada de transmissão de conhecimentos para a vida.
- Parceria com grupo de capoeira de Mestre Alcídes, do Centro de Estudos e Aplicação da Capoeira da Universidade de São Paulo (O caso da capoeira pode ser substituído por outras manifestações culturais como o jongo, o tambor de crioula, o maculelê ou o samba de roda, dentre outras, sem grandes alterações na estrutura deste plano de aula).
- Mapas da África: político atual e históricos.
Participação no processo como um todo, desde a formação da roda circular até a participação na roda de capoeira e autoavaliação escrita individual na qual esperamos que os alunos façam uma análise da validade da vivência para suas vidas em geral.
A pedagogia griô, criada por Líllian Pacheco, é uma proposta educativa inspirada nas expressões culturais de tradição oral, principalmente de raízes afro-indígenas. Visa o ser humano em sua totalidade e tem como referenciais teóricos e metodológicos a educação biocêntrica, a educação dialógica, a educação para as relações étnico-raciais positivas e a arte educação. Por isso, uma atividade proposta em seus moldes, trará em si um embate direto com os meios tradicionais de se ensinar dentro das escolas. A forma é a principal questão deste plano de aula e desta atividade. Iniciaremos a aula convidando os alunos a transformarmos o espaço quadrado e cheio de mesas que é a sala de aula, num outro que possibilite formarmos de fato uma roda. O “desmonte” da sala e a formação da roda são um momento crucial no trabalho e o tempo que este processo demorar pautará os seguintes. A formação da roda é algo simbólico e nos leva já de início à crítica da instituição e seus muros reais e imaginários.
Abaixo, o link do portal da ong Grãos de Luz e Griô. Indico a leitura do texto "A Pedagogia Griô" de Líllian Pacheco, que pode ser baixado gratuitamente clicando no item "Publicações".
Já com a roda montada e os “convidados” devidamente aceitos dentro do espaço por parte dos alunos, os primeiros acordes serão dados por Mestre Alcídes que iniciará sua fala e canto sobre a capoeira e sua história nascida da resistência aos processos escravizadores pelos quais passaram os povos africanos no Brasil. O fato de um mestre falar aos alunos é essencial na perspectiva da valorização da cultura oral e do portador desta cultura como sujeito histórico e como transmissor de conhecimento às novas gerações. O professor, em momento oportuno, deve fazer uma breve intervenção no sentido de reforçar a noção de oralidade da cultura africana e do porque ser tão importante essa relação se estabelecer dentro do universo privilegiado da leitura e escrita, como tem sido nossa escola.
Abaixo segue um breve histórico do CEACA-USP, grupo fundado por Mestre Alcídes.
Após este momento, ainda em roda, o professor falará sobre o continente africano, apresentando seus mapas atuais e históricos e desconstruindo a ideia de unidade territorial, étnica e cultural, pautada por comentários breves. Neste momento é importante que se entenda que a capoeira é, como tantas outras expressões culturais, uma síntese de processos históricos que nos ligam à África e que sua valorização nos ajuda a entender quem somos. Para isso, utilizaremos apresentações de alguns estilos da luta e suas relações com a diversidade étnica existente entre os africanos aportados aqui.
Abaixo, o artigo "Cartografia Histórica da África - Mapa cor de Rosa" de Arlindo José Charles e Lucilene Antunes Correia Marques de Sá, material que poderá ajudar nesse momento da aula.
Encerrada a explanação, partimos para a finalização da aula que consiste numa vivência da dança/luta capoeira entre os praticantes do grupo de Mestre Alcides e os alunos, além do professor.
Abaixo, o artigo "O JOGO DA CAPOEIRA NA PRÁTICA PEDAGÓGICA" de Cecília de Vasconcelos Martins e outros professores colaboradores. A leitura nos ajuda a entender o aspecto lúdico, transformador, humanizador e interdisciplinar de tal vivência.
Ao fim, uma autoavaliação será condição necessária para sabermos se os objetivos da aula foram alcançados e em que medida essa experiência surtiu os efeitos desejados. Os alunos irão responder à pergunta: “Como me sentia antes desta aula, como me senti durante a aula e como me sinto depois da aula” em folha escrita à mão e entregue ao professor.