Comunicados oficiais
ONHB inspira projeto em ensino de história
Postado por Assessoria de Comunicação em 29 de julho de 2013O trabalho de conclusão de curso elaborado pelo professor Ridson de Araújo Miranda (Fortaleza/CE), descreve a elaboração de um projeto em ensino de história e seus resultados, a partir da experiência de participação na Olimpíada Nacional em História do Brasil no período de 2011 a 2012, com estudantes da E.E.M. Tenente Mário Lima. A apresentação da dissertação aconteceu esta segunda-feira, na Universidade Estadual do Ceará (UECE), campus do Itaperi.
“É extremamente gratificante ver esse tipo de resultado indireto da Olimpíada, na forma de trabalhos de estudantes, como vimos recentemente na UFES, ou na forma de pesquisa e reflexão sobre o ensino, como o caso da Monografia do prof. Ridson. Aliás, o prof. Ridson é uma daquelas pessoas que marcou a todos na Olimpíada e que nos anima a prosseguir no trabalho. Reflexões como as dele também podem nos ajudar a fazer nossa auto-crítica e melhorar no que precisamos”, disse a historiadora Cristina Meneguello, Coordenadora da ONHB.
Abaixo, você confere na íntegra a entrevista realizada com o Prof. Ridson de Araújo Miranda, que participou da Olimpíada Nacional em História do Brasil em 2011 e 2012, com os estudantes da E.E.M. Tenente Mário Lima.
ONHB – Por que utilizou a ONHB como objeto de pesquisa? Qual a motivação?
Prof. Ridson – Ingressei na Especialização em Metodologias do Ensino de História no final de 2011, pouco depois de ter sido medalhista de ouro na ONHB neste mesmo ano. Desde o começo os professores organizadores da especialização nos demandavam que nossos temas de monografia deveriam versar sobre ensino de História. Mesmo tendo a prática de realizar projetos com os estudantes da escola em que leciono desde que entrei na rede estadual cearense de ensino, como usar RPG para que os estudantes criem personagens históricos baseados nas pesquisas deles acerca dos temas estudados ou a feitura em equipe de uma exposição museológica, a ONHB é uma experiência apaixonante que envolve muitos sujeitos escolares e desde que participamos pela primeira vez em 2011, ela se tornou um dos principais projetos escolares da E.E.M Tenente Mário Lima. Por isto mesmo, quando da disciplina em que deveríamos escolher os temas de pesquisa, analisar o impacto da ONHB com os estudantes que leciono se tornou a escolha ideal.
Após conversar com meu orientador, o prof. Dr. Antônio Germano Magalhães Júnior, que é uma referência sobre Ensino de História no nosso estado, decidimos que era relevante descrever o percurso que tomei ao executar o projeto na escola; então, em 2011, executei a ONHB como um recurso para o Ensino de História e em 2012 elaborei um projeto mais avançado e preparatório para os estudos em Educação Histórica, área de pesquisas à qual me encontro desde o final da minha graduação.
A escolha pela aproximação com a Educação Histórica é simples: este campo de estudos investiga como estudantes compreendem as noções históricas, e os projetos voltados para este campo visam diagnosticar estes níveis de compreensão e melhorá-los; e eu percebo que a ONHB é um instrumento muito valioso para realizar este trabalho em Educação Histórica, pois estimula o contato com fontes históricas e a metodologia do historiador.
ONHB – Que tipo de mudança ou envolvimento percebeu nos seus estudantes durante a participação na ONHB?
Prof. Ridson – Com a ONHB, os estudantes que já tinham certo gosto por estudar História ganharam um norteamento muito poderoso para seus estudos, sendo que alguns até cogitam prestar vestibular para História. Outros estudantes que não estudavam História com tanto afinco, ao ver os colegas se empolgando para se preparar para a ONHB, acabaram por “ver qual é“e também ganharam mais gosto por estudar História, não só a do Brasil, mas outras temáticas também.
Como a ONHB tem uma série de características que estimulam o estudante em diversas competências e habilidades, como o trabalho em equipe, o senso de pesquisa, a compreensão de pluralidade das interpretações sobre a realidade e a necessidade da verificação do conhecimento por meio de cruzamento de vestígios, tornando o conhecimento histórico mais prático e mais atrativo, percebemos na nossa pesquisa de especialização que se elaborado um projeto que use a ONHB como recurso para um programa de estudos em História que comece da preparação da ONHB e vá para a sala de aula comum, com o uso de fontes históricas para conduzir as aulas, os resultados são muito positivos: aumento nos níveis cognitivos em História; maior participação dos estudantes nas atividades da escola, principalmente olimpíadas científicas; maior desenvoltura oral nos debates.
ONHB – Como os professores de história da rede pública, principalmente, poderiam utilizar a ONHB para enriquecer as aulas?
Prof. Ridson – O trabalho que realizamos não pode ser visto como uma “receita de bolo”, pois cada professor pode desenvolver estratégias específicas de acordo com a realidade de seus estudantes. No entanto, algumas estratégias são básicas: mobilizar a escola para participar da ONHB. Incentivar os estudantes a estudar por meio de uma competição que envolve o país inteiro e que é baseado na prática de uma ciência que tradicionalmente é teórica muda a perspectiva escolar sobre a disciplina. Cria uma nova cultura escolar sobre História; trazer para a sala de aula a compreensão plural das interpretações históricas e o contato com fontes histórica é fundamental. Os estudantes precisam compreender que o conhecimento histórico é constantemente produzido, e pode ser feito por eles também. Usar o site e as fontes históricas da ONHB para promover uma Educação Histórica é possível; criar um grupo de estudos para se preparar para a ONHB é fundamental, pois o contato se torna mais regular e organizado; cria uma rotina de estudos para História que é fundamental para que o estudante se habitue com o pensar histórico. Além disso, este contato pode sair do espaço escolar e ir pras redes sociais, principalmente nos grupos nestes espaços; na escola pública, que carece de recursos, o importante é desde cedo se preparar para uma eventual fase final, mobilizando a escola para arrecadar recursos, buscar intermédios governamentais para o financiamento. Atualmente nossa escola está vinculada ao governo estadual e federal, por meio do programa “Jovem de Futuro”, que no ano passado financiou nossa ida até Campinas para a fase final, bem como financia outros projetos de outros colegas.
Foto: da esquerda para a direita Adam Valente, Camila Moreira, Ridson de Araújo e Brenda Souza