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Escravos e senhores nos engenhos do Brasil
Texto acadêmico

“Desde o seu aparecimento em terras brasileiras, o engenho chama a atenção por seu porte e complexidade: ‘cada um delles é uma machina e fabrica incrivel’, diria Cardim em sua narrativa datada de 1583. Sumariamente descrito, era o engenho um todo compreendendo a moenda (…), o aparelhamento destinado a cozer e purificar o caldo, tachos, caldeiras, escumadeiras, (…) e a casa de purgar onde o açúcar é embranquecido e sêco; até aqui o engenho propriamente dito. (…) Havia engenhos movidos a água e por tração animal (…).

O serviço ordinário do engenho (…) exige intenso trabalho de pelo menos sessenta escravos, segundo Cardim. Naturalmente, para montar o negócio (…) era preciso dispor de grandes recursos. (…) As dificuldades proviam (…) dos enormes gastos iniciais na aquisição de escravos, na construção dos edifícios, na derrubada das matas, na canalização das águas, abertura de caminhos e, enfim, na semeadura das canas. (…) A própria Coroa, conhecendo as dificuldades a enfrentar na fase de implantação e interessada na expansão da produção açucareira, desde cedo oferecia estímulos sob a forma de isenções fiscais durante os primeiros anos de atividade. (…)

Segundo queixas referidas (…) era grande a mortandade de escravos, o que implicava em elevadas perdas e mantinha os senhores endividados. Havia além disto de pagar os ordenados de mestres e feitores, de adquirir peças de ferro e cobre, breu, velame, animais de trabalho, madeira de lei e (…) lenha. Todos esses desembolsos teriam de ser cobertos pela receita proveniente da venda do açúcar. (…)

O custo de produção dos engenhos não é certamente algo de imutável. Os processos produtivos devem ser vigiados e muito dependem do zelo dos ‘oficiais’, bem como dos cativos. (…) Por outro lado, determinados custos podem ser reduzidos através de melhorias introduzidas nos métodos produtivos. (…)

Os engenhos eram (…) praticamente independentes uns dos outros. Cada um tratava de solucionar os seus próprios problemas, encomendando do exterior ou improvisando localmente tudo aquilo de que necessitavam. O emprego de meios de transporte fluviais e marítimos, permitindo a cada um enfrentar por conta própria a difícil questão do escoamento das safras até o porto de embarque, reforça essa tendência. (…)

A suficiência dos engenhos tinha por contrapartida a insignificância da vida urbana (…)

Muitas das características (…) assinaladas aproximam o engenho de uma empresa capitalista. Não obstante todas as similitudes há uma discrepância fundamental: o engenho opera à base do trabalho escravo. (…) a jornada de trabalho é tão extensa quanto fisicamente possível, durante o longo período da safra; (…) a divisão do trabalho encontra-se suficientemente avançada, para que a tarefa de cada um seja simples e repetitiva (…) o serviço do escravo não tem ‘poros’- momentos de folga em que o trabalho é interrompido para mudanças de local ou de ferramenta (…)”

Sobre este documento

Título
Escravos e senhores nos engenhos do Brasil
Tipo de documento
Texto acadêmico
Palavras-chave
Escravidão História do Trabalho Cordel
Origem

Antonio Barros de Castro. Escravos e senhores nos engenhos do Brasil: um estudo sobre os trabalhos do açúcar e a política econômica dos senhores. Tese de Doutorado, Unicamp, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Campinas, 1976, p. 1-7.

Créditos

Antonio Barros de Castro.