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Carta do arcebispo Domingos Sertão Mafrense a Dom João de Lencastro, 1702
Trecho de Carta

Texto adaptado

“A cidade da Bahia ia por uma estrada coimbrã pela Jacobina até o rio São Francisco, numa extensão de aproximadamente 30 léguas, pela qual vinha a maior parte dos gados que se criavam naqueles sertões, para o sustento da cidade e seus arrabaldes. Dali se seguia para o Norte, sempre beira-rio, por umas 20 léguas. Ao fim destas 20 léguas começava uma outra estrada, também coimbrã por onde vinham os gados das povoações novas do Callindê [ Canindé], Piagohy [Piauí] e Parnaíba. Entre a entrada do rio São Francisco até os currais de gado do primeiro povoado distavam umas 40 léguas; até a cidade do Maranhão distavam umas 70 léguas, havendo também um caminho mandado descobrir por Dom João de Lencastro, mas todo ele despovoado, devido ao gentio bravo que por ali havia. Da mesma povoação partia uma estrada para o Ceará, Rio Grande, Paraíba e Pernambuco, por onde poderiam ir socorros sempre que fosse preciso, em carros e cavalos, porque em todas aquelas paragens havia muitos currais de gados e farinhas para o sustento desses comboios. No percurso da Bahia até Jacobina, que distava umas 100 léguas, encontrava-se uma outra estrada que, passando pelo ponto a que chamam de Morro do Chapéu, seguia até o Rio de São Francisco, donde seguia até a barra do rio das Velhas numa extensão também de 100 léguas. Outras 100 léguas despovoadas iam do rio das Velhas até as minas de ouro. Em contrapartida, pelo rio de São Francisco abaixo, tudo era povoado de currais de gado. Tanto o rio São Francisco quanto o rio das Velhas eram navegáveis, podendo-se descê-los em canoas: assim faziam todos os que vinham das minas para Bahia, até a altura que mais lhe convinha. Para cima, não se podia navegar devido à corrente. Os caminhos por terra eram bons, conduzindo-se por eles os gados do rio São Francisco para o sustento dos fabricadores das minas de ouro, não lhes podendo vir de outra parte, por não haver mais perto. Das minas de ouro até São Paulo e Rio de Janeiro também havia estradas, mas diziam-se serem muito ásperas por atravessarem várias serras. Era isso tudo o que podia informar, tendo andado por muitos daqueles sertões e conseguido notícias sobre os que não conhecia”.

Coimbrã: Caminho Real, direto e trilhado sem atalhos ou rodeios.
Légua: medida itinerária cuja extensão varia de 2,2 a 7,4 quilômetros, segundo as épocas e os países; para Portugal e Brasil no período colonial era de 6,179km e para a França 4km.
Fabricadores: que ou o que fabrica; artífice, operário.

BLUTEAU, Raphael. Vocabulario portuguez & latino: aulico, anatomico, architectonico… Coimbra: Collegio das Artes da Companhia de Jesus, 1712 – 1728. 8 v. Disponível em: http://www.ieb.usp.br/online/index.asp;

Sobre este documento

Título
Carta do arcebispo Domingos Sertão Mafrense a Dom João de Lencastro, 1702
Tipo de documento
Trecho de Carta
Palavras-chave
Século XIX Período Joanino Elevação do Brasil a Reino Uni
Origem

Clovis Ramiro Jucá. “Vilas Povoados e Estradas do Ceará Colonial: os Caminhos da Ocupação territorial. X Simpósio Nacional de Geografia Urbana, 2007. Disponível em: http://cidadeseterritorios.com/publicacoes/publicacoes_clovis/pdf/9_X_simposio_nacional_de_geografia_urbana_2007_florianopolis.pdf

Créditos

Domingos Sertão Mafrense