Essa atividade tem dois objetivos, o primeiro deles é propiciar aos alunos da educação básica o contato com fontes históricas, o segundo é estimular o debate e apropriação de conceitos referentes ao período da Ditadura Civil-Militar. Ela foi pensada para ser aplicada com alunos do 3º ano do Ensino Médio. Nessa proposta, os alunos serão orientados a trabalhar em pequenos grupos alguns conceitos, e depois compartilhar com o restante da turma as aprendizagens desse debate.
É consenso que o contato com fontes históricas permite que o aluno se familiarize com “formas de representação das realidades do passado e do presente, habituando-o a associar o conceito histórico à análise que origina e fortalecendo sua capacidade de raciocinar baseado em uma situação dada” (SCHMIDT e CAINELLI, 2009, p.116). Evidentemente, não é objetivo formar “historiadores” nas salas de aula da Educação Básica. Concordo que ao utilizar as fontes históricas "ensinamos os estudantes a ler o relato histórico e ensinamos a ler as representações sobre o passado que circulam na sua sociedade. Ensinar utilizando fontes não quer dizer ensinar a produzir representações através das fontes, mas ensinar como os historiadores produzem conhecimento sobre o passado a partir das fontes disponíveis e quais os problemas implicados nessa produção." (PEREIRA e SEFFNER, 2008, p.126-127).
Em vista do segundo objetivo, considero a escola um espaço privilegiado para reverter o desconhecimento acerca da História recente do nosso país, por mais brutal e problemático que essa seja. Tomo emprestada as colocações de Alessandra Gasparotto e Enrique Serra Padrós, para ressaltar a importância desse debate em sala de aula. A falta de respostas concretas para as questões que conectam o passado recente da ditadura com nosso atual presente constitui uma forma direta de persistir na punição contra os familiares dos mortos e desaparecidos, os sobreviventes e todos aqueles que se consideram vítimas daquele passado discricionário. Mas a omissão e o desrespeito à história, à memória e à justiça é também uma forma de agressão indireta contra as gerações mais novas, pois, como já foi evidenciado, a estas lhes é sonegado o conhecimento e a experiência das gerações anteriores, experiência que constitui história e que pertence a um passado comum que deve ser reconhecido pela história. (GASPAROTTO e PADRÓS, 2010).
Quadro Negro (ou branco); Giz (ou pincel Atômico); Projetor Multimídia;
Serão duas avaliações, a primeira com base na ficha, que os alunos deverão produzir e entregar após sua apresentação. A segundo avaliação é em base da própria apresentação oral dos alunos e do envolvimento dos mesmos no debate.
Nessa primeira etapa da aula, o professor apresenta o conteúdo. Pode começar sua exposição com a definição de Ditadura Civil Militar e apresentar uma linha de tempo com os principais acontecimentos do período. É fundamental, que essa fala introduza o tema e estimule a curiosidade dos alunos. Um material que pode ser passado para os alunos é o vídeo "Ditadura Militar uma primeira aproximação", que contextualiza de forma clara e lúdica o período. Antes da entrega do material, é importante que o professor explique de maneira breve o que são “fontes históricas” e qual sua utilidade para o trabalho do historiador.
Os alunos e alunas, divididos em 4 grupos, receberão 4 envelopes com distintos materiais para análise.
Envelope 1: Depoimentos (Maria Amélia Teles) e um texto de apoio sobre Tortura;
Envelope 2: Música Meu Caro Amigo e um texto sobre Exílio;
Envelope 3: Fotografias da Exposição Ausência e um texto de apoio sobre Desaparecidos;
Envelope 4: Charges Pasquim e um texto sobre Censura;
A ideia é que divididos em grupo, os alunos reflitam em base do material de seu envelope e relacionem sua fonte histórica com o conceito do texto de apoio, e elaborem uma ficha. Essa ficha servirá de roteiro para o grupo na hora de apresentar o material, e deverá ser entregue ao professor ao final da apresentação, se constituindo em uma das avaliações.
O professor pode se deter um bom tempo conversando com cada grupo e estimulando a reflexão sobre cada conceito e fonte, e tirando eventuais dúvidas.
Nessa última etapa, com os alunos e alunas dispostos em um grande círculo dentro da sala, cada grupo apresentará o material de seu envelope. É importande que o professor intervirá o menos possível durante as apresentações, permitindo que os alunos apresentem e respondam as dúvidas dos colegas. Ao final dos debates, o professor pode propor para os alunos uma "selfie" a frente do quadro com a expressão "Memória, Verdade e Justiça".