Durante o século XIX, o Brasil passou por uma forte transformação impulsionada pelo café. Após as experiências positivas de cultivo no Vale do Paraíba, a expansão cafeeira chegou ao interior do estado de São Paulo. Já no século XX, à medida que as terras do Oeste Paulista eram desbravadas e suas matas derrubadas, criavam-se cidades e fortunas. O que a história escolar geralmente não conta é que esse processo instalou um sério conflito entre os povos nativos da região e os brancos colonizadores e que após a chamada “pacificação”, as comunidades indígenas remanescentes articularam inúmeras estratégias para manter viva sua cultura.
Dessa forma, esse plano de aula tem como objetivo qualificar a ação consciente dos povos nativos do estado de São Paulo, enquanto sujeitos históricos desenvolvendo estratégias que moldaram sua atuação política, econômica e cultural após as condições de contato com os brancos colonizadores. Essa reflexão contribui para desmistificar a ideia de isolamento amazônico, estagnação cultural e a tese do desaparecimento inevitável de etnias e culturas indígenas no Oeste Paulista.
Espera-se que os alunos do Ensino Médio desenvolvam uma compreensão mais ampla sobre a ocupação territorial da região onde nosso município está inserido, entendendo a cultura indígena das comunidades aqui localizadas de forma contextualizada.
Mesmo em âmbito regional é possível perceber a diversidade desses povos, já que temos na região três pequenas reservas habitadas por diferentes etnias, com línguas e culturas singulares. Isso permitirá aos alunos compreender a pluralidade sociocultural brasileira e a necessidade das autoridades governamentais dialogarem com os diferentes sujeitos sociais na elaboração de políticas públicas que reconheçam e respeitem essas diferenças.
O desenvolvimento das atividades incluirá a utilização de TICs, tanto para pesquisa quanto para produção de um telejornal escolar, levando os alunos a compreenderem sua importância como fonte de informação e a necessidade de apropriação de seus recursos para a divulgação de conhecimentos.
- Cópias dos textos, mapas e documentos;
- Sala de informática, com acesso à internet;
- Ônibus para transporte;
- TV e notebook ;
- Telão e datashow;
- Software de edição de vídeo: movie maker, viva vídeo, Sony Vegas pro 13.
A Avaliação terá como objetivo organizar um diagnóstico contínuo e sistemático que permita ao professor compreender o caminho percorrido pelo aluno, seus avanços com relação a uma compreensão inicial e os conhecimentos adquiridos e/ou aprofundados. Dessa forma, através dela será possível resolver e sanar dificuldades de ensino e aprendizagem que apareçam no decorrer das aulas.
Como avaliação inicial se analisará a síntese escrita apresentada após pesquisa em casa sobre a ocupação das terras da região Oeste Paulista e seus comentários na aula dialogada. A partir daí se avaliará o desenvolvimento do aluno nas diversas atividades realizadas, procurando identificar as mudanças estruturais e argumentativas relacionadas ao seu conhecimento. Terá continuidade o trabalho de detecção dos problemas de ensino-aprendizagem.
Observar-se-á os resultados da aprendizagem relativos aos objetivos, a comparação entre diferentes resultados obtidos pelo mesmo aluno tanto nas aulas dialogadas como em suas produções escritas.
De forma geral, fará parte da avaliação:
a) A qualidade dos trabalhos escritos apresentados;
b) Sua participação em todas as atividades desenvolvidas nas aulas, individuais e em grupo;
c) A capacidade de organizar e produzir uma narrativa em suas sínteses e relatórios;
d) Domínio do conteúdo nas narrativas produzidas;
e) Uso de conceitos, contextualização, relações de causalidade e noções de tempo presentes nas falas e textos apresentados pelos alunos.
f) A qualidade e pertinência do vídeo (gênero telejornal) produzido sob sua responsabilidade.
Após trabalhar o tema da expansão cafeeira, questionar os alunos a respeito da ocupação da região de Bauru (Centro-Oeste Paulista) onde se localiza nosso município. Pedir como lição de casa que eles perguntem aos pais, avós e vizinhos sobre a questão e levantem hipóteses sobre como teria sido antes da existência dessas cidades. As informações e hipóteses devem ser reunidas numa síntese escrita que será compartilhada com a turma na aula seguinte.
No retorno dos alunos à sala de aula, acontecerá a socialização das informações e hipóteses levantadas por eles, realizando uma chuva de idéias e conceitos na lousa. Espera-se que a expansão cafeeira, imigração e a estrada de ferro estejam entre os aspectos destacados para o povoamento da região. Não existe uma expectativa definida para o levantamento das hipóteses para o período anterior a isso. Se os alunos levantarem alguma questão relacionada aos povos indígenas, partir daí. Se não, estimular a elaboração dessa hipótese como novos questionamentos. Levantar as idéias iniciais que a turma tem sobre os povos nativos da região: existiam? Ainda existem? Como vivem? Que ideia se têm dos indígenas?
Chegando ao problema colocado para os povos nativos a partir da expansão cafeeira na região, será apresentada a sequência didática que será desenvolvida e seus objetivos. As disciplinas de Língua Portuguesa e Geografia também serão envolvidas, aprofundando a questão central acerca da desconstrução de estereótipos que cercam a imagem indígena. Será esclarecido que, ao final dela, os alunos desenvolverão a edição de um telejornal escolar sobre o tema e também produzirão um relatório sobre todas as atividades desenvolvidas.
Organizar a turma em círculo e pedir para cada aluno desenhar rapidamente um índio. Socializar os desenhos produzidos. Em seguida, apresentar imagens de indígenas sem a caracterização típica. Incentivar os alunos a avaliarem as imagens apresentadas pela professora: São índios? O que é ser índio? Por que desenhamos índios sempre da mesma forma? Retomar o conceito de estereótipo, e dar início a uma exploração sobre quais estereótipos cercam os indígenas no Brasil.
Realizar a leitura do texto “1500, o ano que não terminou” de Elaine Brum, publicado no jornal El Pais e explorado durante a 8ª ONHB. Através de discussão, aprofundar as questões iniciadas com as imagens.
Indicar site para pesquisa que problematizem a passividade da expansão cafeeira no interior paulista, destacando as estratégias indígenas após contato: conflitos, forma de resistência e adaptação de sua economia, cultura e atuação política. A partir dessa pesquisa será possível descaracterizar a ideia de que esses povos não possuem história e estão desaparecendo.
A pesquisa deverá servir de suporte para a produção de uma cartaz que irá compor um mural sobre as estratégias indígenas pós-contato.
A professora acompanhará a pesquisa nos horários pré-determinados para a turma no contra turno.
Após uma breve apresentação dos aspectos significativos das pesquisas em grupo, se seguirá uma discussão, apresentando a questão: por que tanto silêncio histórico sobre os povos indígena da região e do Brasil? Apresentar autores que enfocam temas relacionados a história indígena (John Manuel Monteiro, Vania Moreira, José D’Assunção Barros, Deivison Amaral), suas teses e como o resgate histórico é importante para reconhecermos a multiplicidade sociocultural que compõe a(s) identidade(s) do nosso país. Encaminhar o debate para o reconhecimento da importância dos diferentes sujeitos que participaram da construção da nossa história como primeiro passo para se superar preconceitos e exigir que as autoridades governamentais elaborem políticas públicas que valorizem, reconheçam e respeitem essa diversidade.
Pesquisa em grupo sobre as comunidades indígenas remanescentes do Oeste Paulista, na região próxima a Bauru: Terras Indígenas Araribá, Icatu e Vanuíre, onde moram os Guarani, os Terena, os Kaingang e os Krenak.
Os grupos levantarão questões sobre turismo, utilização de tecnologias, posse da terra, mulheres indígena e educação nessas comunidades. Cada grupo deverá selecionar imagens, gráficos, mapas, vídeos e outros suportes que permitam compreender e refletir sobre os povos indígenas do Oeste Paulista, colaborando para a desconstrução dos preconceitos elencados nas aulas.
O professor orientará a pesquisa no contra turno.
A visita à Aldeia Keruá, nas terras indígenas Araribá em Avaí/SP, será realizada com transporte coletivo cedido pela Prefeitura Municipal de Lucianópolis. A distância é de aproximadamente 75 km.
Durante a visita será possível dialogar com diferentes agentes sociais indígenas (lideranças, professores, mulheres, jovens) aprofundando a contextualização dos aspectos teóricos estudados nos textos e pesquisas.
Nesse momento, a contextualização das características culturais das sociedades indígenas estudadas e sua relação com os não índios será intensificada. Será uma oportunidade para aprofundar o dinamismo cultural desses povos e as questões que se colocam no presente.
A visita será agendada previamente e após contato com as lideranças indígenas no qual se esclarecerá os objetivos da visita e da sequência didática na qual ela está inserida, discutindo com eles quais aspectos seriam mais relevantes para serem explorados nesse momento.
De volta à escola, é o momento de iniciar a produção do telejornal escolar que sistematizará e divulgará o conhecimento produzido durante as aulas.
A professora explicará a importância do roteiro como organizador de idéias e ações e orientará sua produção coletiva (o telejornal como um todo), em grupos (as reportagens), e individual (as atribuições específicas como iluminação, gravação, legendas, efeitos).
A produção do roteiro é muito eficiente para sistematização das idéias e compreensão do processo percorrido até aqui. Também permitirá ao professor acompanhar a seleção de informações pertinentes para apresentação ao público.
Nesse momento, também será abordada a questão da autorização para uso de imagem.
Os alunos finalizarão o roteiro que será revisado pela professora. Seguirão as filmagens (com apoio das disciplinas de língua portuguesa,artes e sala de leitura), e a edição do telejornal durante o contra turno na sala de informática.
Como fechamento para a sequência didática ocorrerá a exibição do telejornal escolar. Em parceria com a equipe gestora, será escolhida a forma mais viável para isso. Num primeiro momento a exibição será para os alunos da escola, seguida por um diálogo entre os alunos produtores e expectadores sobre o tema e a experiência de produção.
No dia da Reunião de Pais, o telejornal será exibido no momento da plenária, no pátio da escola. Depois será disponibilizado no youtube e no facebook, utilizando o canal e a página da escola.