3º Curso de Formação de Professores

Aqui será realizada a introdução ao tema, dedicada principalmente à introdução do conceito de representação e à explicação da historicidade dos conceitos e dessas representações. Nesse sentido, explicaremos aos alunos como será a desenvolvida a atividade, que tem como objetivo principal trabalhar as representações do indígena nos livros didáticos utilizados pelos próprios alunos.

Nesse momento, o professor questionará os alunos presentes, trazendo questões como: "O que é o índio pra vocês?"; "Qual é o papel do índio em nossa história?"; "Quando vocês pensam em índios, quais são as suas características que lhe vem à cabeça?"."Vocês sabem a origem do termo "Índio" e qual o significado que ele carrega?"

Depois de ouvir as respostas dos alunos, passaremos à etapa seguinte da aula.

Nessa etapa da aula, o professor fara a projeção de uma série de excertos extraídos das obras de renomados autores da historiografia brasileira oitocentista, trabalhando com os alunos as representações que esses autores traziam sobre o indígena brasileiro. Como, por exemplo, os excertos abaixo:

Para fazermos, porém, melhor ideia da mudança ocasionada pelo influxo do cristianismo e da civilização, procuraremos dar uma noticia mais especificada da situação em que foram encontradas as gentes que habitavam o Brasil; isto é, uma ideia de seu estado, não podemos dizer de civilização, mas de barbárie e de atraso.

De tais povos na infância não há história: há só etnografia. A infância da humanidade na ordem moral, como a do indivíduo na ordem física, é sempre prevenção para qualquer leitor estrangeiro que por si, ou pela infância de sua nação, pense de ensoberber-se ao ler as pouco lisonjeiras páginas que vão seguir-se. (VARNHAGEN, 1953: 31, tomo1)

Ou

As notícias que sobre os indígenas da América, e com especialidade os do Brasil, nos deixaram os primeiros europeus que deles escreveram, são tão contraditórias, que não as podemos aceitar todas sem exame. De ordinário esses narradores de

coisas novas, que se não recomendam pela sua ciência e desinteresse, tendem mais a notar o ridículo e extravagante que exageram, do que o bom e razoável que calam. O amor ao extraordinário os leva a hipérboles e fábulas; acham homens

monstros, sem lei nem grei, como acham gigantes e amazonas (MAGALHÃES, 1860 [1859], p. 5)

Nessa etapa, ainda serão trabalhados excertos de Von Martius, Capistrano de Abreu e Euclides da Cunha. Todos com o objetivo de mostrar como o indígena foi retratado desde o nascimento da historiografia brasileira, no século XIX, sob um viés de homogeneização e de inferioridade frente ao colonizador europeu, que acabou por se tornar o centro da produção historiográfica brasileira.

Aqui projetaremos uma imagem, que se trata do frontispício presente na Revue de Deux Mondes, uma revista francesa de ampla difusão no Brasil oitocentista. Com a imagem projetada, o professor conduzirá os alunos na interpretação da imagem, ressaltando o lugar submisso que a imagem traz do indígena frente ao colonizador europeu.

Obs.: A imagem pode ser conferida, na página 1, da tese indicada no link.

Nessa etapa o professor convidará os alunos a pegarem os livros didáticos utilizados durante o curso de História e fazer uma pesquisa sobre como os indígenas aparecem representados nele. Algumas perguntas será fornecidas pelo professor para estimular a reflexão dos alunos, tais como:

- O livro didático traz o indígena de uma maneira homogênica em seu livro? A partir dele, é possível entender toda a complexidade de etnias, culturas e organizações sociais que marcam os povos indígenas brasileiros?

- Há uma preocupação no livro didático em trabalhar a história indígena ou ela aparece apenas como apêndice da história europeia?

- O indígena, em algum momento, é protagonista da história brasileira no livro didático de sua pesquisa?

Findas as pesquisas, o professor indicará uma lição de casa para os alunos, na qual eles devem preparar uma reflexão escrita sobre quais foram as impressões que encontraram sobre o indígena no livro didático abordado. Nessas reflexões, os alunos deverão fazer referência à historiografia oitocentista, mostrando em quais momentos aqueles ideais do século XIX ainda se mostram presentes nos livros didáticos atuais.

Na aula seguinte, os alunos apresentarão suas reflexões em forma de debate.