O português Gabriel Soares de Souza chegou à Bahia em 1570, onde fez-se senhor de engenho e proprietário de terras. Em 1587, inspirado por notícias da existência de metais preciosos fornecidas após a morte de seu irmão João Coelho de Souza, retornou a Portugal a fim de pedir financiamento ao Rei para realizar expedições pela costa do Brasil. Em Madri, ofertou a um influente membro do governo um livro, que havia escrito anteriormente, com descrições das terras coloniais. Leia um trecho deste documento.
“Capítulo XX. Que trata da grandeza do Rio de S. Francisco e seu nascimento (…)"
Alternativas
Comentário
A obra de Gabriel Soares de Souza em sua primeira parte busca realizar um roteiro geral das terras brasileiras e na segunda traz um memorial sobre as grandezas e riquezas da Bahia. Dentro desse extenso trabalho de descrição encontramos o breve capítulo que trata do Rio São Francisco, naquele momento ainda pouco explorado e conhecido pelos colonizadores portugueses. Sua obra é construída a partir de registros anteriores sobre os locais que busca descrever, indo muitas vezes aos primórdios da colonização. Assim não é correto afirmar que o autor realizou expedição anterior para explorar o Rio São Francisco ou que os registros de aspectos geográficos fossem fruto de um conhecimento pessoal do território descrito. Com foco em conseguir financiamento para sua viagem ao sertão, Gabriel S. de Souza, mescla sua descrição dos aspectos geográficos com as possibilidades de exploração do rio e da região e a de se encontrar metais preciosos. Descreve as expedições anteriores a partir de suas falhas, exceto a efetuada por seu irmão, João Coelho de Souza, que não apenas avançou no conhecimento do rio em relação aos outros, como também registrou esses novos conhecimentos sobre como vencer as dificuldades em avançar. O autor ressalta ainda a necessidade de investimento e de homens para se realizar com sucesso uma incursão pelo sertão, demonstrando que ao contrário da imagem tradicional que se tem do processo de colonização portuguesa como focado na exploração do litoral, havia um contante movimento exploratório digirido ao interior da colônia. Esse movimento foi motivado pela busca de metais preciosos, mas também para o estabelecimento de povoações, como ressalta o autor ao apontar a riqueza proporcionada pelas margens do rio.