2º Curso de Formação de Professores

Segundo o senso comum, os meios de comunicação historicamente têm desempenhado um papel fundamental na defesa da democracia no Brasil. Esta "opinião pública", é claro, foi formada por esta mesma mídia, em grande parte responsável pela construção da nossa memória histórica. Assim, silenciam-se episódios nos quais jornais, emissoras de rádio e televisão, e editoras, entre outros, atuaram atacando as instituições democráticas e, depois, defendendo ditaduras instituídas, após a utilização da força militar para golpear contra as instituições estabelecidas pela "vontade geral", mesmo dentro dos limites de um Estado de Direito construído segundo os princípios do liberalismo político.

Nas eleições encerradas em 26/10/2014, a participação dos meios de comunicação foi vista com muita preocupação pela sociedade brasileira, em geral. De um lado, os que defendem a total liberdade de imprensa, considerando censura odiosa qualquer ressalva que se faça aos interesses que possam estar ocultos (nem tanto assim) por detrás de publicações aparentemente neutras. Por outro, os que consideram que as empresas de comunicação, na defesa de uma suposta liberdade de imprensa, são ciosas de seus interesses econômicos e empresariais, estando mais preocupadas com a "liberdade de empresa".

Assim, a aula tem por objetivo fundamental problematizar a visão quase consensual de que a imprensa no Brasil defende (e defendeu), sempre e necessariamente, a liberdade e a democracia e, ainda, questionar a neutralidade dos meios de comunicação e, por fim, analisar criticamente o movimento que atualmente se articula pela intervenção militar. Inclusive, começa a se fazer sentir na educação pública. Em Goiás, militares passaram a administrar escolas, aplicando a lei do silêncio, hierarquização e nas aulas de História “ditadura militar” virou “governo revolucionário”. Estudando a trajetória dos meios de comunicação no Brasil, particularmente da “grande mídia” (notadamente Organizações Globo, Revista Veja, OESP e Grupo Folha) com fases de apoio ao golpe e à Ditadura Civil-Militar e, depois, de oposição à Ditadura e defesa das “Diretas Já”, o propósito é entender o funcionamento da imprensa no contexto das mudanças políticas e econômicas do país. Enfim, estabelecer uma relação entre os conceitos “liberdade de imprensa” e “liberdade de empresa”, democracia e ditadura, nos últimos 50 anos.