3º Curso de Formação de Professores

História do índio na sala de aula

120
minutos

Antropofagia: construindo uma narrativa sobre os habitantes do Brasil no século XVI

Promover uma discussão sobre a antropofagia e como ela foi utilizada por artistas, viajantes, aventureiros e até editores no século XVI. Partindo da obra de Eckhout e à luz de um texto de Raminelli problematizar a construção desta narrativa. A partir das descrições de Staden e nas imagens de Bry aplicar uma atividade avaliativa. A aula seria para o 1° ano do ensino médio (32 alunos).

Plano de aula construído por
Cristiane Fontana Grümm (Videira / SC)

Objetivos

- observar a narrativa que é construída no século XIX sobre os indígenas que habitavam o Brasil;

- relacionar a narrativa construída com as pesquisas historiográficas;

- analisar e discutir documentos de diferentes natureza;

- produzir uma propaganda, utilizando elementos históricos, sobre a obra "Americae Tertia Pars" a partir do frontispício da obra.

Requisitos

Não há requisitos básicos de conteúdo. Porém, a aula seria realizada no momento em que se estivesse estudando o início da colonização do Brasil.

Serão necessárias apenas fotocópias.

Avaliação

Produção de uma propaganda da obra "Americae Tertia Pars" a partir do frontispício da obra, seguido os seguintes aspectos:

1) Elabore um slogan (no espaço reservado) que sintetize a relação entre imagem e texto que compõem a campanha publicitária (por que um europeu alfabetizado do século 16, morador de grandes centros urbanos e comerciais iria se interessar pelo produto anunciado?).

2) Elabore uma legenda que relacione o conteúdo da obra Americae Tertia Pars (1594) com as imagens do frontispício.

3) Elabore um texto publicitário que convença o leitor das vantagens de se adquirir esta obra (o que chamaria sua atenção e despertaria sua curiosidade?)

Lembre-se que o incentivo à publicação de relatos de viagens a territórios pagãos (América e Oriente) fazia parte da política dos estados europeus de expansão das religiões protestantes.

4) Apesar de se tratar de uma campanha publicitária anacrônica e fictícia, respeite o contexto histórico da publicação e utilize as informações históricas apresentadas nas aulas e nos documentos do verso desta avaliação.

5) A versão final deverá ser entregue a caneta, sem rasuras e com letra legível.

1
30
min

Vídeo/Música/Imagem

Dividir a turma em equipes de 4 estudantes (numa turma com 32 alunos). Cada equipe receberá uma imagem de Albert Eckhout (1610-1666). Portanto, 2 equipes ficarão com a mesma imagem.

A partir da imagem recebida, propor que as equipes 1) descrevam a imagem em seus detalhes; 2) levantem no mínimo 3 questões (problematização) para o documento histórico (lembrar que as questões devem ir além das indagações básicas: quem produziu? Quando?, entre outras). As equipes terão 10 minutos para realizar tal atividade.

Num segundo momento, reunir as duas equipes que ficaram com a mesma pintura. Permitir que discutam as descrições realizadas e as questões levantadas. Essa atividade terá duração de 5 minutos.

Num terceiro momento, as duas equipes que ficaram com a mesma imagem socializam suas observações e questionamentos. Essa socialização terá duração de 15 minutos.

Arquivos e links
2
30
min

Leitura de texto em sala de aula

Questionar os estudantes se eles sabem quem foi Albert Eckhout. Entregar a breve biografia do pintor holandês.

Em seguida, solicitar que os estudantes leiam o texto "Índios" adaptado pela professora. Discutir o texto e revisitar as imagens. Propor que, à luz das informações trazidas pelo texto, repensem ou reformulem, se necessário, as questões propostas inicialmente.

NO final da aula, entregar os documentos que serão utilizados na próxima aula. Solicitar que os estudantes pesquisem quem foi Hans Staden e Theodor de Bry; além de pesquisar o que foi a obra "Americae Tertia Pars". Lembrar os estudantes que a leitura dos documentos e a pesquisa indicada serão essenciais para elaboração da atividade avaliativa que acontecerá na próxima aula.

Arquivos e links
3
20
min

Atividade oral envolvendo a classe (perguntas/respostas/debate)

No primeiro momento da aula, discutir os documentos que foram lidos em casa. Problematizar, à luz do texto "Índios" de Ronald Raminelli as intencionalidades e as preocupações de viajantes, artistas e aventureiros descreverem a antropofagia no Brasil. Aproveitar para discutir, a partir do que foi pesquisado pelos estudantes, o que foi a obra "Americae Tertia Pars", quem foi Theodor de Bry e Hans Staden. Lembrar os estudantes que:

- Johann Theodorus de Bry ou Theodore de Bry nasceu em Liège, nos Países Baixos (atual Bélgica), em 1528. Theodore pertencia a uma tradicional família de artesãos calvinistas dedicada aos ofícios da gravura e da ourivesaria, e ao nascente ramo editorial impulsionado pelo desenvolvimento da prensa mecânica por tipos móveis havia menos de cem anos (Johannes Gutenberg, 1455).

- Aos 32 anos, Theodore transferiu-se para Estrasburgo, próspera cidade da Baviera, conhecida pela reputação de acolher artistas e comerciantes dissidentes do catolicismo (protestantes). A esta altura de sua vida, já possuía notáveis conhecimentos da arte da gravura e da ourivesaria, ofícios aprendidos com seu avô e seu pai. Em 1594, após receber herança familiar, Theodore instalou-se definitivamente em Frankfurt, onde abriu seu próprio ateliê de gravura, gráfica e editora de livros.

- Theodore de Bry faleceu na cidade de Frankfurt (atual Alemanha) em 1598, mas seus três filhos continuaram a atividade editorial que tanto prestígio lhe trouxera. Seus biógrafos atribuem grande parte do sucesso de sua casa editorial à publicação de obras que tratavam de temas exóticos ou desconhecidos do público leitor da Europa do século XVI e XVII.

- Ainda sob o clima de sigilo absoluto que os reis de Portugal e Espanha mantinham sobre as riquezas das terras recém descobertas no Novo Mundo, as prensas italianas e alemãs estimulavam a curiosidade do leitor das grandes cidades da Europa com descrições de territórios distantes – às vezes fantasiosas, às vezes exageradas –, com quem as tripulações de embarcações a serviço da burguesia mercantil entravam em contato.

- Os relatos de viagem do náufrago prussiano Hans Staden (1525-1579) inauguraram esta linha editorial em 1557. Em 1592, Theodore de Bry publicou em sua oficina uma edição luxuosa e ricamente ilustrada d'As viagens de Staden, que obtém acolhida imediata. A obra – que ganhou inúmeras edições em alemão, latim, flamengo, francês e inglês em menos de um século – foi responsável pela construção e disseminação de um imaginário sobre a América e seus habitantes. Certamente, as descrições físicas dos nativos “brasileiros” e dos rituais de antropofagia por eles praticados estão entre os ingredientes que deram enorme popularidade à obra de Staden.

4
40
min

Produção escrita em grupo (alunos)

Organizar a turma em duplas. Depois de todo debate e discussão das informações trazidas pelos estudantes, orientar a produção que será realizada na sequência. Destacar a importância da criatividade e da utilização de elementos históricos para compor o texto.

Arquivos e links

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