4º Curso de Formação de Professores

-Iniciar a aula explicando brevemente o tema que será tratado, o processo inicial de colonização na América Latina através das imagens.

-Debater o uso dos termos "conquista da América", "descoberta da América" e "América pré-colombiana", questionando os estudantes sobre quais as implicações no uso desses termos e quais termos poderíamos usar pra tratar desse processo histórico, sugerindo o termo "choque de culturas".

-Informar aos estudantes que serão reproduzidos três trechos do filme Apocalypto (2006), pedindo para que se atentem as diferenças entre os grupos representados no filme.

-Reproduzir trechos selecionados do filme Apocalypto (2006), sem deixar de problematizar com a turma a narrativa do filme sobre o período anterior ao contato dos povos nativos americanos com os espanhóis.

-Tratar brevemente do conceito de representação, mostrando que o filme não apresenta a "realidade" do que aconteceu e sim busca construir uma narrativa sobre o período.

-Questionar os estudantes sobre quem eles acham que produziu o filme e com qual objetivo, pedindo para que prestem atenção sobre como é representada a cultura dos povos.

-Explicar que o filme se trata de uma produção hollywoodiana que foi muito criticada pelo enfoque que dá à violência que teria sido praticada pelos maias, reproduzindo estereótipos sobre esses povos.

Trecho 1 - Ancião do povo nativo narra uma história acerca da ganância do homem. Todos os integrantes da tribo prestam atenção e posteriormente há uma dança ritual coletiva. Grupo caracterizado pela divisão de tarefas, caça e coleta, transmissão oral das histórias. (Posteriormente o grupo é atacado, seus membros são assassinados e os homens são feitos escravos)

Trecho 2 - Homens são escravizados e levados para uma cidade com bastante população, com muitas pessoas doentes e com a plantação morta. É mostrada a diversidade das pessoas e povos que compõem essa cidade, caracterizada pelo comércio e escravidão.

Trecho 3 - Família nativa presencia a chegada dos europeus, se questionando sobre quem eles seriam. Vão para a floresta ao invés de ir ao encontro dos desconhecidos. Mote para dar continuidade a aula, tratando sobre como se deu esse momento de encontro.

-Apresentar um mapa contendo a localização geográfica dos povos que habitavam a atual América Latina, focando em sua diversidade e na sociedade que será trabalhada de forma mais detalhada na aula: os astecas.

-Questionar os estudantes sobre os povos representados no mapa: Vocês já ouviram falar nesses povos? Vocês acham que todos os povos estão representados nesse mapa? Por que esse mapa representou esses povos e não outros?

-Explicar o choque inicial das culturas europeia e nativa que produziu morte, violência, resistência, destruição e caminhos para um acordo.

-Propor um esquema de quadro a partir dos seguintes temas: Busca dos europeus por riquezas nas novas terras (ouro e prata, principalmente), por vezes tentando negociar as riquezas e por vezes utilizando-se de violência com a ajuda de outros povos indígenas subjugados anteriormente pelos astecas. Já os nativos estranharam os recém-chegados, buscando interpretações para sua chegada, por vezes um presságio do fim dos tempos e por vezes como deuses, sem deixar de resistir à violência sofrida.

-Explicar que faremos análise de imagens tentando compreender as diferenças entre essas culturas, como foi ilustrado esse contato e quais os sentidos que atribuíram ao processo inicial de colonização.

-Nesse primeiro momento tratar de um sujeito especifico que atuou no momento inicial do choque cultural: "La Malinche", a indígena que foi amante e tradutora de Cortez.

-Apresentar as 5 imagens em um mesmo slide e pedir para que os estudantes identifiquem os personagens comuns a todas as cenas, no caso Cortez e Malinche. (No caso dos astecas, por vezes são emissários tratando com Cortez e por vezes o próprio Montezuma). Questionar os estudantes sobre quem seriam esses sujeitos e qual seria o papel deles no processo de colonização.

-Explicar que as imagens produzidas pelos astecas e fazem parte do “Lienzo de Tlaxcala”, um códice que trata da invasão espanhola e que foi produzido na segunda metade do século XVI. A outra imagem é de autoria desconhecida, mas provavelmente foi produzida por espanhóis vindos para o México (como freis e funcionários públicos, por exemplo) ou mexicanos que estudaram a partir das técnicas europeias. Essa imagem foi produzida na segunda metade do século XVII, ou seja, mais de um século após os eventos que retrata.

-Propor a análise das imagens baseada na perspectiva de Panofsky (em 3 níveis ou camadas), em um primeiro momento cada imagem separadamente e posteriormente de forma comparada:

-Nível primário: o que é aparente, natural. Questões: quais os objetos que são representados? Quais cores são utilizadas? A imagem tem perspectiva? Qual a expressão dos retratados? Como os personagens estão caracterizados?

-Nível secundário: conhecimento iconográfico, temático. Questões: O que essa imagem está retratando? O que a posição dos personagem parece indicar? Quais as diferenças culturais dos retratados?

-Nível iconológico: análise, valores simbólicos da obra. Questões: O que a posição de Malinche nas obras pode indicar? Qual a diferença entre representar Cortez (nos desenhos astecas) ou Montezuma (na pintura colonial) em uma posição de destaque e qual narrativa histórica é veiculada a partir disso? Qual seria o objetivo do artista ao retratar esse encontro? Por que Malinche é representada em todas as obras?

-Questionar os estudantes sobre qual seria o papel de Malinche no processo de colonização. Explicar que Malinche foi uma mulher indígena escravizada que foi “dada” a Cortez e a partir de então se tornou sua amante, conselheira e tradutora. No processo de colonização seu papel foi fundamental como intérprete e mediadora de ambos os lados, tantos espanhóis quanto astecas. Explicar que até hoje a figura de Malinche é lembrada, tanto em discursos que a retratam como uma traidora que vendeu seu povo e em outros que ressaltam seu papel como a “mãe da mestiçagem” do povo mexicano em uma perspectiva positivada. Questionar os estudantes sobre qual visão seria a mais correta, buscando mostrar que não há uma visão correta e que os discursos históricos sempre estão em disputas.

-Nesse segundo momento explicar que iremos continuar com a análise de imagens, mas agora tratando de eventos importantes na "conquista" do México pelos espanhóis.

-Imagem 1: Massacre do Templo Mayor (1520), no Códice Durán (segunda metade do século XVI). Os espanhóis invadem o Templo Mayor, centro político e religioso do Império asteca durante uma celebração e massacram os astecas.

-Imagem 2 e 3: Morte de Montezuma II (1520), no Código Monteczuma (primeira metade do século XVI) e na série de pinturas sobre a “Conquista” (segunda metade do século XVII). O líder asteca Montezuma II foi apedrejado pelo seu povo e morre 3 dias depois. Para os astecas, os espanhóis mataram Montezuma II nesse período, enquanto para os cronistas espanhóis, Montezuma II morreu em consequência das feridas do apedrejamento.

-Imagem 4 e 5: Noite triste (1520), no Lienzo de Tlaxcala (segunda metade do século XVI) e na série de pinturas sobre a “Conquista” (segunda metade do século XVII). A chamada “Noite Triste” foi uma tentativa de fuga frustrada dos espanhóis de Tenochtitlan após a morte de Montezuma II. Tendo em vista que Tenochtitlan era uma ilha, os espanhóis planejavam fugir pelas pontes, que já tinham sido retiradas pelos astecas. Resultou em uma batalha sangrenta com uma grande baixa de espanhóis, indígenas aliados, cavalos, canhões e ouro.

-Imagem 6 e 7: A conquista/queda de Tenochtitlan (1521), no Lienzo de Tlaxcala (segunda metade do século XVI) e na série de pinturas sobre a “Conquista” (segunda metade do século XVII). Batalha final que resultou na rendição dos astecas e início do controle espanhol sobre a cidade. Os espanhóis já controlavam as cidades ao redor do lago e as pontes da cidade, pensando que a rendição da cidade viria em breve. Contudo, um grupo de astecas se negou a negociar e promoveu uma batalha urbana que resultou em sua derrota.

-Mostrar as imagens com seus respectivos pares (exceto a imagem 1), explicando sobre o que cada um desses eventos significaram para a derrota asteca e controle espanhol da região.

-Propor a análise das imagens baseada na perspectiva de Panofsky (em 3 níveis ou camadas), de forma comparativa:

-Nível primário: o que é aparente, natural. Questões: quais os objetos que são representados? Quais cores são utilizadas? A imagem tem perspectiva? Qual a expressão dos retratados? Como os personagens estão caracterizados?

-Nível secundário: conhecimento iconográfico, temático. Questões: O que essa imagem está retratando? O que a posição dos personagem parece indicar? Quais as diferenças culturais dos retratados?

-Nível iconológico: análise, valores simbólicos da obra. Questões: Qual a narrativa que os astecas estão construindo a partir das imagens sobre os espanhóis e sobre o processo colonial? Qual a narrativa que foi produzida a posteriori sobre o processo colonial nas imagens do século XVII?

-Pesquisar em livros e sites os desdobramentos culturais do choque que se produziu entre a cultura ameríndia e a cultura europeia, ou seja, o que a hibridização das culturas, a tentativa de destruição da cultura nativa e a reafirmação da cultura europeia produziram em termos culturais na chamada América espanhola em qualquer momento histórico, desde a colonização até os dias atuais.

-O trabalho é individual e deve ser composto de duas partes: uma parte escrita de 10 a 12 linhas contendo o resultado da pesquisa acerca de uma manifestação cultural específica que verse sobre o processo colonial e outra parte contendo uma produção imagética (desenho, pintura, grafiti, vídeo, colagem, meme, HQ, tirinha) feita pelo próprio estudante sobre seu entendimento acerca do choque cultural e da mestiçagem na América.