100
minutos

O amor e a gentileza da pátria

O tema da aula, voltada para alunos do 3º ano do Ensino Médio, é Modernização do Brasil. Processo agressivo que será pensado a partir da análise de diferentes imagens e momentos, com ênfase no apagamento ou destruição de registros do passado. Destruição esta que reflete uma postura e ideologia nacionais sem apego ao passado e com uma inclinação ao esquecimento e à exaltação do futuro efêmero.

Plano de aula construído por
Andrey Borges Bernardes (Juazeiro / BA)

Objetivos

Os objetivos são definidos em função dos alunos/as. Ou seja, são descritos com base no que se espera que sejam capazes ao final da aula. Estou ciente de que a definição de tantos objetivos é ambiciosa. Porém, considerando que os alunos aprendem de forma diversa e que valorizam subjetivamente os conteúdos de uma aula, espera-se que esta diversidade de objetivos seja capaz de contemplar um maior número de alunos, ao menos em algum destes itens da lista.

1) Ser capaz de elencar, ao menos, dois momentos da história do Brasil em que os registros do passado foram apagados/destruídos deliberadamente;

2) Ser capaz de descrever o contexto histórico de ao menos um destes momentos que culminou com a destruição destes registros;

3) Ser capaz de relacionar estes momentos de destruição de registros do passado com a criação de um discurso de nação hegemônico;

4) Ser capaz de identificar na contemporaneidade práticas que se relacionam com este "culto do futuro" e "aversão ao passado".

Requisitos

Para a realização desta aula será necessário:

1) projetor de imagens;

2) superfície branca para reprodução de imagens;

3) acesso à internet;

4) cópias impressas de trecho do livro "História da vida privada no Brasil".

Avaliação

1) A participação dos/as alunos/as em sala será também utilizada como avaliação da compreensão geral dos conteúdos e das relações feitas entre o apagamento das memórias do país em detrimento do novo.

2) Juntamente do texto de SEVCENKO (1998), que deve ser lido como atividade para casa, os alunos deverão produzir uma redação com base no seguinte enunciado:

Após quatro séculos de colonização exploratória, extermínio indígena e escravização dos negros, a República brasileira quis acertar o passo junto às nações ricas do mundo. Porém, a massa de pobres e iletrados foi resistente e avessa ao "bom gosto" e aos valores da "alta cultura" europeias, não aderindo ao projeto espontaneamente. A solução das elites foi eliminar os elementos que não compactuavam com o novo modelo, bem como apagar os vestígios deste passado colonial, projetando nossa nação sempre para o futuro. Assim, produza um texto com o seguinte tema: O Museu do Amanhã e o esquecimento do ontem.

3) Responder à questão: identifique na sua cidade características culturais, empreendimentos urbanísticos e/ou decisões políticas que apagaram ou valorizaram o passado.

Com base nestes três instrumentos (argumentação oral, produção de texto argumentativo e reflexão sobre o presente) será possível verificar o alcance dos objetivos acima determinados para a aula.

1
15
min

Vídeo/Música/Imagem

Os/as alunos/as deverão analisar a imagem "Boutique da rua do Valongo" e responder às seguinte questões no caderno:

1) Qual era o produto vendido nesta boutique?

2) Você seria capaz de inferir o local e o período histórico de que trata a imagem? Se sim, qual é o local e o período histórico em questão?

3) Descreva em, no mínimo, 10 linhas os elementos mais significativos desta imagem.

Arquivos e links
2
30
min

Exposição Oral por parte do professor

1) Breve apresentação do autor da imagem, J.B. Debret, bem como do contexto que o mesmo intencionava retratar;

2) Exposição da reforma levada à cabo no Rio de Janeiro no começo do século XX durante a gestão do prefeito Pereira Passos com ênfase nos seguintes aspectos: os anseios de modernização da nova República e de sua capital; os cortiços da região portuária, habitados majoritariamente por ex-escravos e/ou seus descendentes; as propostas de higienização e reforma sanitária; a Revolta da Vacina; a gênese da ocupação dos morros e o nascimento das favelas.

3) Esta exposição é concluída com a evidenciação de que a área portuária do Rio foi o maior mercado de escravos do mundo moderno e, após a abolição, serviu de abrigo aos muitos negros desamparados pela nova ordem política que terminou por expulsá-los agressivamente já que atrapalhavam a modernização e o progresso do país. Mais do que atrapalhar, estas populações eram tidas como avessas aos ideais da República, ou mesmo inaptas à aderir aos seus valores espontaneamente.

3
20
min

Atividade oral envolvendo a classe (perguntas/respostas/debate)

1) Os alunos serão convidados a compartilhar oralmente o que sabem a respeito do Porto Maravilha e do Museu do Amanhã.

2) Será feita a leitura da apresentação do Museu do Amanhã no próprio site.

3) O professor irá expor a respeito da construção do Museu do Amanhã como parte das obras do Porto Maravilha, empreendimento urbanístico levado à cabo na cidade do Rio de Janeiro nos últimos anos. Também será evidenciado que a rua do Valongo (da imagem de Debret), bem como a região de enseada que recebia o mesmo nome, já não existe mais e que hoje compreende o bairro Saúde (mesma região onde um dia também houve cortiços habitados por negros, demolidos durante a gestão de Pereira Passos). Ou seja, no local onde "ainda ontem" funcionava o maior mercado de escravos da América, e de onde a população foi expulsa para ir dar origem às favelas, existe hoje um Museu do Amanhã.

4) Por fim, será evidenciado que, a despeito da história específica do entorno do mega-empreendimento, há uma globalização arquitetônica que visa atender aos gostos de uma população cada vez maior de turistas, que buscam, em espaços exóticos, as conveniências dos seus países de origem. Assim, uma praia habitada por pescadores, um antigo centro de comércio de escravos, ou uma antiga cidade mineradora, por exemplo, estão todas sujeitas à homogeneização propiciada por esta arquitetura globalizante.

Arquivos e links
4
20
min

Vídeo/Música/Imagem

Exibição do filme "Nada levarei quando morrer, aqueles que me devem cobrarei no inferno" de Miguel Rio Branco (19 min).

Arquivos e links
4.1
5
15
min

Exposição Oral por parte do professor

O professor irá evidenciar que o filme "Nada levarei quando morrer (...)" foi feito na década de 80 e mostra o baixo meretrício que se instalou no Pelourinho, além do cotidiano de violência e desamparo deste local. Esta narrativa sobre o Pelourinho "justificou", por parte das autoridades, a "revitalização" da área e o início do processo de gentrificação e exploração turística. Este processo foi muito parecido com o que se passou no Rio de Janeiro de Pereira Passos no começo do séc. XX. E, provavelmente, a realidade dos cortiços do Rio era muito similar a esta de Salvador algumas décadas depois. Assim, analisar este filme pode dar algumas ferramentas interpretativas para entender o que ocorreu no Rio. A narrativa hegemônica se ampara na eliminação destas distintas formas de socialização e uso do espaço urbano pelas camadas pobres. Assim, esta modernização agressiva verificada até agora no Rio de Janeiro não se resume à cidade maravilhosa, pois a mesma mentalidade que enxotou a população da região portuário do Rio no começo do séc., expulsou a população pobre do Pelourinho na década de 80 e voltou a fazer o mesmo no Rio de Janeiro na véspera das Olimpíadas (poderíamos acrescentar Canudos, como mais um exemplo). A sugestão do professor é que este processo de apagamento de memórias e inclinação para o futuro acontece, de forma mais ou menos intensa, em todo o país.

6

min

Atividade a ser realizada em casa pelos alunos (lição de casa)

Leitura do texto: SEVCENKO, Nicolau. História da vida privada no Brasil. Volume 3. São Paulo: Cia. das Letras, 1998. P.20-34.

1) Os alunos deverão utilizar estratégias de metacognição, tomando notas, escrevendo dúvidas, circulando palavras desconhecidas etc.

2) Este trecho trata da Revolta da Vacina, bem como da Guerra de Canudos, com ênfase no processo agressivo de modernização brasileiro que, desde o advento da República, elimina os que se opõem ou resistem ao progresso almejado pelas elites políticas.

3) As anotações a respeito do texto devem ser entregues na aula seguinte.

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