Questões


10ª 11ª – Tarefa
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9ª questão

"Quem chorou por Vitor, o bebê indígena assassinado com uma lâmina enfiada no pescoço?"

1500, o ano que não terminou Jornal eletrônico
Aylan KurdiFotografia

Os documentos fazem referência a dois episódios de 2015, sendo um deles de grande repercussão e o outro, praticamente ignorado. O garoto sírio, um refugiado que foi encontrado morto na costa da Turquia, e um indígena assassinado na rodoviária de Imbituba (SC), em dezembro de 2015. A comparação entre os dois episódios indica que:

 

Alternativas

A. A pouca repercussão do assassinato do curumim é associada ao modo como os grupos indígenas são tratados na sociedade brasileira e discutir o crime é uma forma de debater as questões da demarcação de terras indígenas e das condições de vida do povo Kaingang, temas que não interessam à grande imprensa ou ao Estado.
B. A maior repercussão no caso do garoto Aylan Kurdi é diferente da de Vitor Pinto; uma está num conflito internacional e o outra é um episódio de violência isolada contra uma criança.
C. Os episódios são comparáveis, à medida que mostram duas crianças mortas em situação de exclusão. Uma dessas mortes sensibilizou as sociedades ocidentais para a fragilidade da situação de refugiados vítimas de um conflito armado; a outra, quase ignorada, expressa o modo como a sociedade brasileira aborda a população indígena.
D. Uma morte está associada às variações da “Guerra ao Terror” e a outra ao modo de apagamento de populações indígenas que foi sendo incorporado na sociedade brasileira, onde se valoriza, no máximo, o passado, mas não o presente desses povos.



 

Comentário

A questão propõe uma reflexão sobre a vulnerabilidade infantil e suas repercussões na imprensa. O primeiro, de escala global, refere-se a Alan Kurdi e à crise dos refugiados sírios; o segundo, de escala local, do assassinato de Vitor Pinto, da etnia Kaingang, em Santa Catarina. Ambos os processos são atuais e nos auxiliam a compreender mecanismos de seleção para os fatos e seus desdobramentos. Os historiadores convivem com essa prática: há episódios mais conhecidos e outros menos lembrados. Uns não invalidam os outros, mas expressam as contradições e os desejos do que a sociedade procura lembrar. Interessa-nos, sobretudo, pensar os motivos pelos quais um crime contra um indígena, nas circunstâncias em que ocorreu, não tenha causado espanto ou comoção na sociedade brasileira.
Trata-se, como sugerem as alternativas, de um “apagamento” dos grupos indígenas, pois sua permanência implica recordar pautas incômodas para os detentores de poder e para a sociedade como um todo. A demarcação das terras indígenas, a exploração e violação de direitos humanos básicos, a violência perpetrada contra as diferentes etnias desde o início do processo de colonização são alguns dos pontos incômodos para a sociedade brasileira atual. Em nossos dias, sob a égide do progresso e da eficiência do agronegócio, por exemplo, vários grupos sofrem ameaças à sua vida e à sua cultura, esquecendo-se que esses são os povos que originalmente habitavam o território.
A reflexão que a questão propõe não visa estabelecer uma hierarquia de sofrimentos e dores. Dores e traumas não se comparam. Porém, busca-se entender porque é mais fácil ser solidário com um processo que tem menos reflexos internos e, consequentemente, menos responsabilidades imediatas. E, nesse processo, a atenção da mídia internacional ou mesmo o tom de denúncia na cobertura do caso de Alan Kurdi sensibilizou milhões de pessoas para o conflito na Síria e seus impactos humanitários. Se houvesse uma divulgação e cobrança maior, talvez a sociedade brasileira pudesse ter-se solidarizado com a família e com o grupo de Vitor Pinto.


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