Releia o documento:
"Quem chorou por Vitor, o bebê indígena assassinado com uma lâmina enfiada no pescoço?"
A autora afirma: “Essa foto é um documento histórico. Tanto pelo que nela está quanto pelo que nela não está.”
Sobre a foto entendida como documento histórico, é possível afirmar que:
Alternativas
Comentário
A questão recupera um tema recorrente na ONHB: a noção de documento histórico. Todo documento, como é sabido, oferece um conjunto de informações para ser interpretado, questionado e analisado. Porém, um documento não expressa apenas o que afirma: ele também tem suas lacunas. O olhar crítico sobre um documento exige que procuremos as contradições, os pontos frágeis, as intenções de quem o produziu, seus vínculos sociais, políticos e culturais. No caso, a autora afirma que a foto dos objetos pessoais de Vitor Pinto, garoto da etnia Kaingang assassinado na rodoviária de Imbituba (SC) em dezembro de 2015, é um documento histórico.
Observem que nela não aparece o rosto, não há nenhum marco pessoal mais explícito. E, por esse motivo, é um documento revelador. Os chinelos, os brinquedos de plástico comuns em cidades litorâneas, o cimento áspero são o que podemos identificar. Remetem à aspereza e ao aspecto descartável da vida de Vitor de seu grupo. Os indígenas habitam os livros escolares e algumas comemorações como o Dia do Índio, mas parecem não habitar o cotidiano dos dias atuais. Ou, quando muito, são apresentados como um problema, mas quase nunca como grupos originários, diversificados e dinâmicos que também compõem a atual sociedade. Dessa forma, trata-se de um documento revelador pelo que não apresenta, mais do que pela leitura imediata e descritiva da cena. É a fotografia de uma ausência.