- Construir desenhos e plantas legendadas de cidades africanas do período pré-colonial, através da análise de fontes históricas escritas, materiais e iconográficas;
- Através da análise das fontes históricas, desmistificar a ideia de uma África sem civilização e sem cultura. Desta forma possibilitando aos alunos enxergar o continente e suas cidades históricas a partir de laços, identidades e representações positivadas sobre a África e os africanos em sua história.
- Sintetizar e comparar informações sobre as três cidades africanas do período pré-colonial, através de um quadro comparativo.
- Trabalhar habilidades de imaginação e expressão, desenvolvendo competências artísticas ligadas ao desenho e pintura das cidades das civilizações africanas do período pré-colonial.
OBS: Estes objetivos foram pensados a partir das reflexões do Curso de História da África da 5° ONHB sobre as representações ocidentais e muitas vezes eivadas de preconceitos que possuímos sobre a História do continente africano. Estes objetivos visam em sua essência, discutir e reconstruir estas representações de forma a desestereotipar o conhecimento histórico sobre a África, por parte dos alunos.
- Data-show para exibir slides e/ou Ficha em papel A4 contendo as instruções e informações do trabalho;
- Folhas de papel A3;
- Fita adesiva para fixar os papéis;
- Lápis colorido e/ou caneta hidrocor;
A avaliação da aula, rememorando os objetivos propostos, deverá ser feita de forma processual e um debate final. O professor deverá estar atento à interação em grupo e dos diálogos dos alunos na produção dos materiais, avaliando o processo de suas produções e interferindo, quando necessário para dirimir dúvidas ou sugerir mudanças.
Esta primeira avaliação qualitativa objetiva não apenas ponderar a aprendizagem dos conteúdos conceituais, como também o desenvolvimento de habilidades de trabalho em conjunto.
Em um segundo momento devem ser analisadas as produções finais dos alunos. Mesmo que cada aluno tenha uma habilidade de expressão através de desenhos diferente, devem ser avaliados os esforços de retratar (representar) as cidades africanas através das fontes históricas. As legendas dos planos das cidades também são importantes para verificar se a descrição dos viajantes foram transpostas para os desenhos, desta forma assinalando a aprendizagem da formatação das cidades e dos conteúdos sobre a História da África.
Os grupos irão apresentar seus desenhos e esquemas para a turma. Em seguida, um painel com os diferentes trabalhos deverá ser construído, seja colado nas paredes, ou em lugar específico no espaço escolar, com todos os trabalhos. Deverão ser anexado ainda a estes espaços, imagens históricas referentes aos trabalhos, bem como as descrições dos viajantes. Este conjunto documental servirá para que a comunidade escolar possa apreciar, criticar e debater de forma mais embasada os trabalhos.
Ao final, para avaliar os conteúdos atitudinais, é necessário realizar um debate sobre a atividade realizada, bem como sobre as mudanças de representações sobre a África e de sua História, aprendida a partir dos estudos sobre suas civilizações.
Esta sequência didática deverá ser realizada em diferentes etapas. Algumas delas a serem iniciadas em sala, dadas as orientações e completadas em casa. Algumas delas totalmente realizadas em classe. O tempo previsto para a atividade em sala de aula é de 2 aulas e meia, tendo cada aula 50 min.
A primeira aula deverá ser iniciada com algumas questões a título de "motivação Inicial". Estas servirão também como uma "Avaliação diagnóstica" sobre os conhecimentos prévios dos alunos.
As perguntas direcionadas oralmente aos alunos para primeiros debater serão (respostas muito variadas irão surgir. Faça a mediação das falas e controle o tempo):
- Hoje iremos estudar a História da África. O que vocês sabem sobre a África?
- Vamos estudar a História da África a partir de Fontes Históricas. O que vocês sabem sobre Fontes Históricas?
- E sobre a História da África? Lá aconteceram mudanças, transformações?
- Vocês sabiam que a História da África é também a História de grandes civilizações, de poderosos reis e rainhas negros que construíram grandes impérios?
- Vocês já ouviram falar destas importantes cidades no mundo: Paris, Londres, Pequim, Bagdá? E Tombuctu, a cidade do Benin, e o Grande Zimbábue? Estas últimas são grandes cidades da História da África que iremos estudar.
Esta exposição tem um caráter explicativo da proposta a ser realizada.
Deverá ser exposto o cronograma das atividades da seguinte forma:
- Explicar aos alunos que eles estudarão 3 diferentes cidades africanas do período pré-colonial (Tombuctu, Cidade do Benin e Grande Zimbábue);
- Eles deverão dividir-se em equipes compostas por quatro alunos em cada grupo;
- Um quadro comparativo sobre as diferentes cidades deverá ser elaborado;
- O grupo, em conjunto, deverá escolher uma cidade para realizar um trabalho específico;
- O trabalho de cada equipe, nesta etapa, consistirá em construir um desenho de cenas da cidade a partir do conteúdo estudado e de Fontes Históricas;
- Em seguida, em outra folha A3, os alunos em equipe, deverão construir também uma "planta-baixa" da sua respectiva cidade, inserindo legendas;
- Por fim irão apresentar para seus colegas e construir uma exposição para a comunidade escolar apreciar, criticar e debater os seus trabalhos.
Nesta primeira fase da exposição dos conteúdos conceituais, propriamente ditos, terá vez uma breve História do Império do Mali no séc. XIV, em suas principais características.
A partir dos slides, projetados a partir do Data-show, pode-se falar:
- Sobre o Império do Mali e sua relação com o comércio trans-sahariano;
- A riqueza do ouro e sua exportação;
- A segurança das rotas comerciais pelo deserto do sahara, guardado por cavaleiros;
- As grandiosas mesquitas muçulmanas medievais construídas no estilo original da África Ocidental através da técnica de adobe;
- Falar do viajante Ibn Battuta que visitou o Mali no século XIV e fez uma descrição de uma audiência real;
- Ler a descrição do relato de Ibn Battuta e pedir para que os alunos imaginem esta cidade no século XIV através das fontes históricas apresentadas.
Neste outro momento, seguindo uma ordem cronológica, será abordado o Grande Zimbábue. Alguns temas importante deverão ser debatidos em sala de aula com ajuda dos slides.
- Primeiramente é necessário localizar o Grande Zimbábue dentro do mapa, na região sudeste do continente africano, no atual país Zimbábue e parte de Moçambique.
- Explicar que a cidade do Grande Zimbábue era uma importante cidade onde morava a corte. Inclusive o próprio nome "Zimbábue" significa corte nas línguas de tronco bantu do local.
- Esta cidade era um importante polo político do chamado Reino do Monomotapa. As fontes portuguesas confundiam um pouco este nome. Contudo, a relação dos nomes trazidos pelos viajantes lusitanos é facilmente relacionado ao reino do Monomotapa.
- Falar do comércio do ouro no Oceano Índico. Este metal precioso era largamente exportado, gerando muitas riquezas para a região;
- Explanar que havia um intenso comércio da cidade do Grande Zimbábue com o litoral leste da África e com a Árbia, a Índia e até mesmo a China. Vários vestígios arqueológicos como moedas indianas e porcelanas chinesas foram encontrados na região;
- Neste momento é interessante mostrar os vestígios arqueológicos do Grande Zimbábue na atualidade;
- O esquema da cidade também é interessante de ser mostrado para que os alunos imaginem a cidade e as vilas rurais que as cercava e as abastecia;
- Por fim, deve-se ler a descrição dos relatos dos viajantes portugueses Damião Góes (séc. XV) e João de Barros (séc. XVI) sobre a cidade, alertando os alunos para que tentem imaginar a cidade e cenas da cidade a partir das fontes históricas analisadas.
Este é o último momento para as exposições sobre as cidades africanas pré-coloniais. Neste momento deverão ser analisados alguns tópicos sobre a História da Cidade do Benin, bem como algumas fontes históricas a ela relacionadas. O enfoque dado deverá ser para com a referida cidade no século XVII.
- Num primeiro momento, com a ajuda no mapa, deverá ser localizada a região da civilização Iorubá/Êdo, na África Ocidental, onde hoje é principalmente a Nigéria;
- Analisar em seguida uma obra de arte talhada em madeira e identificar os personagens, com destaque para o rei do Benin ao centro;
- Para entender esta cidade em suas características políticas e históricas, é necessário antes relembrar o conceito de Cidade-Estado. As cidades Iorubás (por exemplo: Oyó e Ifé) e a Cidade do Benin, organizavam-se politicamente de forma independente, cada qual possuindo seu representante e corte. Neste momento, é interessante uma comparação com as cidades-Estado gregas, pois este conteúdo já foi vivenciado no 6° ano do Ensino Fundamental II;
- Falar da importância dos artesãos e guerreiros na cidade. O comércio do artesanato era muito forte, bem como a necessidade de proteger as riquezas da cidade de inimigos externos, como alguns Estados europeus.
- Trazer elementos desta realidade africana que também são compartilhados pelos brasileiros como o consumo do inhame e do dendê. Estes eram itens importantíssimos no comércio e na alimentação do povo da Cidade do Benin.
- No último momento desta sessão, dois documentos históricos devem ser analisados no intuito de fomentar a imaginação histórica dos alunos. O primeiro deles é um detalhado relato de viagem escrito pelo navegador holandês Olfert Dapper (1668). Além deste relato escrito, o viajante também produziu uma iconografia de uma marcha celebre do rei da Cidade do Benin no período.
Neste último momento da primeira aula (50 minutos), caberá ao professor explicar como será feito o "Quadro comparativo". Esta atividade deverá ser realizada em casa. Os alunos não necessariamente precisam reunir-se presencialmente para construir tal quadro. Esta atividade pode ser realizada em casa, cada aluno em seu computador comunicando-se através das redes sociais ou programas com áudio-vídeo.
De modo a comparar as cidades, os alunos deverão informar o atual país em que localizavam-se as referidas cidades, a civilização que historicamente faziam parte nos períodos analisados e algumas informações históricas sobre cada uma das cidades.
Este material produzido em casa auxiliará os alunos a escolherem sobre qual cidade o grupo (4 alunos) desejará continuar as pesquisas. Ainda, para o professor, o "Quadro comparativo" contará como parte da avaliação.
Em casa, cada Equipe de 4 alunos elaborou o "Quadro comparativo" segundo o modelo explicitado.
As cidades que cada grupo deseja representar também foram selecionadas.
Os "Quadros comparativos" construídos em casa poderão ajudar também nesta etapa. Como já explicado anteriormente, os alunos, selecionada a cidade que desejam representar, irão elaborar no papel A3 o desenho de cenas históricas desta cidade e a planta-baixa com legendas. Esta atividade deve ser realizada em grupo. Cada grupo responsável por apenas uma das cidades escolhidas por eles.
Para ajudar a relembrar os conteúdos, o professor pode entregar a cada equipe uma ficha com as informações contidas nos slides utilizados na aula anterior.
Esta atividade, caso não finalizada em sala de aula, deve ser concluída em casa. Todas as instruções e dúvidas geradas em sala devem ser contempladas de forma prévia pelo professor.
Em casa, as equipes de 4 alunos irão terminar de construir e colorir seu desenho com uma cena histórica da cidade africana selecionada. Ainda, a planta-baixa legendada, será também finalizada pela equipe em casa.
Nesta última aula, em um outro dia, as equipes irão apresentar, de forma breve, seus desenhos com as cenas históricas de cada cidade e as plantas-baixa legendadas. Os seminários em grupo deverão contemplar as seguintes questões:
- Que cena você desenho?
- Por que escolheu esta cena?
- Que partes importantes você destacou na planta-baixa?
- Baseado em que Fontes Históricas vocês construíram tais representações?
Por fim, é importante realizar um breve debate, não só sobre o que os alunos aprenderam, mas principalmente, qual significado teve a aprendizagem deste conhecimento para eles. Eles desconstruíram estereótipos? Desconstruíram preconceitos sobre a África, os africanos e suas Histórias? Esta última etapa visa analisar se os objetivos atitudinais anteriormente propostos foram contemplados.
Vale frisar junto aos alunos que boa parte dos africanos que vieram ao Brasil na condição de escravizados no período colonial e imperial, são originários destas grandes cidades e civilizações. Este é o caso - na ordem em que aparecem as cidades no presente trabalho - dos Mandinga (Manden); Jêje-Nagôs (Êdos); e Moçambique (Tsongas e Chonas).
Na hora do intervalo, ou outro horário disponível extraclasse, os alunos irão construir a exposição de seus trabalhos. Ela deve ser ordenada e agrupada em diferentes cidades, seguindo a ordem cronológica (séc. XIV / séc. XV-XVI/ séc. XVII). Junto aos desenhos e plantas-baixa elaborados pelos alunos, é interessante que sejam coladas as imagens históricas e textos das Fontes Históricas analisadas. Este agrupamento entre as representações gráficas construídas pelos alunos e as Fontes Históricas analisadas que embasaram tais representações faz-se interessante no momento em que a comunidade escolar poderá observar, criticar, avaliar e debater tendo por base os vários elementos que compuseram a sequência didática em processo.
Esta atividade, com certeza, servirá para mexer as representações balizadas em preconceitos e estereótipos negativos, reconstruindo visões e percepções sobre uma África diversa e de uma rica historicidade.