Leia a letra e escute a canção:
"Quando o muro separa uma ponte une Se a vingança encara o remorso pune Você vem me agarra, alguém vem me solta (...)"
Gravada no disco Cicatrizes do MPB-4, em 1972, essa canção passou pela censura apesar da dura crítica de Paulo Cesar Pinheiro à Ditadura Civil-Militar. Sobre ela, podemos afirmar que:
Alternativas
Comentário
Pesadelo é uma forte canção interpretada pelo grupo MPB4. A letra de Paulo César Pinheiro e a melodia de Maurício Tapajós, ora crescente, ora decrescente, criam uma atmosfera de força e ameaça. As alusões à luta contra a censura (você corta um verso, eu escrevo outro); às mortes são interrogatório (você me prende vivo, eu escapo morto) e de forma geral às perseguições e prisões arbitrárias ocorridas durante o Regime Militar, assim como a reivindicação de memória e retratação, estão presentes em toda a canção. Para conseguir liberar “Pesadelo”, Paulo César Pinheiro misturou a letra a uma pasta com letras de Aguinaldo Timóteo, cantor popular do período que também se tornou político mais tarde. O artifício funcionou, o MPB-4 a gravou, mas mesmo assim a canção tocou muito pouco. O autor afirmou em uma entrevista ao Roda Viva, programa da TV Cultura, que foi melhor assim, já que ela poderia ter sido retirada de circulação posteriormente como já acontecera com “Apesar de você”, de Chico Buarque.
A Censura vetou diversas canções de diferentes autores durante o regime militar, não somente as de característica fortemente política, mas as que fossem consideradas imorais, como “Uma vida só [Pare de tomar a pílula]” [1973] de Odair José, “Cor de Rosa Choque” [1982] e “Arrombou o cofre” [1983], de Rita Lee e Roberto de Carvalho, “Blue Janis” [1985] de Carlos Silva e Ângela RoRo; e até mesmo bandas de rock/pop enfrentaram problemas com a censura, como ocorreu com a Blitz (que teve duas faixas censuradas e riscadas à mão no LP As Aventuras da Blitz) ou a banda RPM (cuja canção Revoluções Por Minuto foi inicialmente censurada).
Veja: http://www.rodaviva.fapesp.br/materia/126/entrevistados/paulo_cesar_pinheiro_2004.htm