"O principal motivo da criação da capitania de Mato Grosso, em 1748, foi impedir que os espanhóis tomassem a região e chegassem a Goiás e Minas Gerais (...)"
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Comentário
O texto, que tem a alimentação como objeto de pesquisa, revela aspectos da sociedade e da cultura da região do Mato Grosso setecentista. Os banquetes do comandante-general Luís de Albuquerque, permeados por tradições e rituais, asseguraram boas relações diplomáticas junto aos espanhóis durante o período de litígio do Tratado de Madri (1750). Alguns alimentos e utensílios – assim como livros e roupas – eram importados de Portugal, ação que indica os possíveis vínculos estabelecidos entre a metrópole e a colônia americana, além daqueles relacionados à política. Por fim, vale a pena transcrever a resposta da historiadora Leila Mezan, à Revista de História da Biblioteca Nacional (link), quando questionada sobre a pertinência da comida junto aos temas históricos: A comida é, sim, tema para os historiadores, “embora a alimentação seja um tema de estudo ligado à Antropologia desde o início do surgimento desta disciplina. Mas, desde os anos 1960, é um tema privilegiado também pelos historiadores nos estudos sobre o cotidiano. Eu acho que a gente pode pensar a comida como cultura, como memória, como espaço de sociabilidade e de representações. A partir do final da década de 1990, foi ficando mais claro para os historiadores brasileiros que a alimentação, a comida e outras práticas alimentares são, sim, objetos de estudo da História e que há fontes valiosíssimas e numerosas. Além das receitas propriamente ditas, o pesquisador pode vasculhar relatos de viagens, cronistas, tratados de saúde, correspondências de vários tipos.”.