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24ª questão

"Caía a tarde feito um viaduto E um bêbado trajando luto me lembrou Carlitos (...)"

Essa canção, gravada em 1979 por Elis Regina, tornou-se um marco de um determinado período da história do Brasil, tornando-se o hino da campanha pela Anistia. Sobre a canção e o período, podemos afirmar que:

 

Alternativas

A. Quando os compositores falam da volta do irmão do Henfil, estão se referindo a Herbert José de Sousa, o Betinho, que voltou do exílio em 1979 fundando o IBASE juntamente com Carlos Afonso e Marcos Arruda.
B. A canção popular brasileira no período da ditadura foi um dos focos da resistência no país, onde as metáforas eram constantemente utilizadas para denúncias, apesar da censura prévia, instituída apenas com o AI-5.
C. A Anistia – ampla, geral e irrestrita – beneficiou exilados políticos de esquerda, como Fernando Gabeira, Miguel Arraes e Luís Carlos Prestes, e também colaboradores da Ditadura, como o Coronel Ustra, conhecido no DOI-CODI como Dr. Tibiriçá e condenado por sequestro e tortura em 2008.
D. A canção apresenta o Brasil da Ditadura como uma alegoria do bêbado em luto, vivendo uma noite sem fim, e a esperança de dias mais livres é representada pela equilibrista em uma corda bamba.



 

Comentário

A censura prévia foi instituída pelo Decreto-Lei nº 1.077, de 26 de Janeiro de 1970, após a publicação de uma entrevista de Leila Diniz ao Pasquim, em 1969. Boa parte dos compositores ligados à esquerda ou que contestavam o regime utilizava de alegorias e metáforas para falar sobre o período, o que também acontece nesta canção, onde o bêbado representa o país e a equilibrista a esperança, sempre caminhando sobre uma corda bamba. Aldir Blanc, ao compor a letra, não se lembrava do nome de Betinho, daí a citação ao “irmão do Henfil”. Betinho fundou o IBASE com Carlos Afonso e Marcos Arruda, sendo o responsável pela campanha “Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida”, e foi também um dos maiores articuladores da luta pela reforma agrária e, posteriormente, pelo impeachment do presidente Fernando Collor de Mello. A lei da Anistia, promulgada em agosto de 1979, beneficiou tanto os cidadãos perseguidos pela Ditadura por seu engajamento com a esquerda quanto os torturadores que a serviram e é frequentemente lembrada para garantir o silenciamento sobre este difícil período da História do Brasil. Apesar disso, o Coronel Ustra foi processado pela família Teles por tortura, e reconhecido como torturador em primeira instância em 2008, tendo o recurso contra esta decisão negado em 2012.