Questões


23ª24ª25ª26ª27ª28ª29ª30ª31ª32ª33ª34ª – Tarefa
Versão completa para impressão

Versão completa para impressão (compacta)
31ª questão

Na ocasião da posse do cargo de sócio titular da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro em 1945, o literato e diplomata Guimarães Rosa proferiu um discurso para agradecer o reconhecimento de seu gosto e trabalho em prol da geografia brasileira. Leia o documento e escolha uma alternativa.

"Grande é, agora, a minha satisfação, grande a distinção que me conferis, neste momento (...)"

 

Alternativas

A. A geografia é personagem importante nas obras literárias de Guimarães Rosa e no contexto histórico de interiorização do território brasileiro em meados do século XX.
B. A paixão de Guimarães Rosa pela paisagem do interior do Brasil foi adquirida com a sua posse do cargo na Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro, dando início ao movimento literário conhecido como Regionalismo.
C. No discurso de posse, Guimarães Rosa abandona seus famosos neologismos e demonstra conhecimentos científicos que justificam o convite da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro.
D. Admirador da geografia brasileira e de sua cidade natal, Guimarães Rosa, ao entrar para a Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro, enaltece as topografias interioranas.



 

Comentário

O documento retrata um tipo de discurso bastante diferente daquele que se costuma associar ao grande literato Guimarães Rosa: linguajar oficial, num português rebuscado e afetivo, mas sem a presença de neologismos e inversões gramaticais tão comuns às famosas obras “Grande Sertão: Veredas” (1956) e “Sagarana” (1946), por exemplo. No entanto, esse discurso faz-se importante na trajetória desse escritor porque, proferido em 1945, evidencia o momento de uma nova expansão territorial organizada pelo governo federal, agora em direção às terras do Mato Grosso e Amazonas e correlatas às academias de ciência brasileiras. Surgia nesse contexto a figura do sertanista que, como intelectual atrelado ao projeto estatal, tinha como papel dar suporte à entrada pelo sertão despovoado – claro, sendo uma vez mais desconsiderada a presença do indígena como habitante e dono primeiro de tais terras. Sertanistas como os irmãos Villas Bôas, admiradores do interior brasileiro – assim como Guimarães Rosa –, filiaram-se a projetos da Fundação Central do Brasil, elaborada pelo propósito de integração nacional de Getúlio Vargas dentro do regime do Estado Novo. Conhecida como “Marcha para o Oeste”, expedições como a de Roncador-Xingu renderam a fundação do Parque Nacional do Xingu (1961), um desdobramento dos divergentes interesses que compuseram essa saga da ocupação geográfica do Brasil. O sertanista não revela o início da literatura regionalista, desenvolvida desde meados do século XIX, mas sim o envolvimento de grandes intelectuais brasileiros no reconhecimento oficial do território e das fronteiras brasileiras. Guimarães Rosa, tendo atuado muitos anos como diplomata, desenvolveu um gosto particular pela exuberância do sertão brasileiro e a ele se dedicou a partir da escrita de seu primeiro livro regionalista, Sagarana, vencedor de prêmios que deslancharam a sua nova carreira, sem ter abandonado também o exercício da atividade pública.