O documento:
"Em nome da Santíssima Trindade, Padre, Filho e Espírito Santo, três pessoas e um só Deus verdadeiro (...)"
Alternativas
Comentário
A questão aborda o testamento de Bartolomeu da Cunha Gago, escrito de próprio punho por ele. Nascido em São Paulo, Bartolomeu transferiu-se para Taubaté no segundo quarto do século XVII, quando iniciou a participação nas entradas, restritas ao Vale do Paraíba, juntamente com o sogro, João Portes del Rei. Em 1664, Bartolomeu foi escolhido para capitão-mor de vanguarda da bandeira de Fernão Dias. No mesmo ano partiu para os sertões dos Cataguás, em busca das terras de Sabaraboçu. Durante a expedição, Bartolomeu foi um dos primeiros a encontrar ouro na região, por volta de 1680. O bandeirante faleceu e foi inventariado em Taubaté, em 1685. Seu testamento encontra-se no Arquivo Municipal de Taubaté, localizado na caixa número 2, documento 28. A tinta negra utilizada no manuscrito ainda continua legível e a letra utilizada na redação é classificada como humanística corrente. O conteúdo do testamento descreve as últimas vontades de Bartolomeu, indica o local em que gostaria de ser enterrado, expressa sua religiosidade, elenca seus bens, dívidas e sua posição de patriarca da família. É possível deduzir que Bartolomeu era figura de certo prestígio na capitania de São Vicente, já que possuía fazendas, animais, imóveis e dezenas de escravos, em sua maioria indígenas, e mantinha estreitos laços políticos com o poder religioso local. Embora apresente com precisão as dinâmicas do patriarcalismo colonial, o documento é também relevante, sobretudo para o estudo das entradas e bandeiras, movimentos que levaram à descoberta do ouro nos sertões de Taubaté, local de nosso personagem, modificando, mais tarde, o eixo econômico do nordeste açucareiro em crise para o sul, o que levou ao aumento no comércio de escravos, ao fluxo migratório e ao surgimento de vilas como as de São João del Rey.