O documento a seguir é um trecho da tese “Tupis, tapuias e historiadores. Estudos de história indígena e do indigenismo”, do historiador John Manuel Monteiro.
“(...) Aspecto fundamental na formação de alianças na determinação das políticas coloniais – mesmo em áreas ‘centrais’ como no México ou no Peru, diga-se de passagem – a tendência de definir grupos étnicos em categorias fixas serviu não apenas como instrumento de dominação (...)"
Sobre o tema podemos afirmar:
Alternativas
Comentário
Nessa questão era esperado que se refletisse sobre o processo de formação das identidades indígenas e a maneira como elas têm sido observadas e tratadas de forma cristalizadora, em que os grupos classificados ainda na conquista da América são tidos até hoje como herdeiros de um passado pré-colonial que lhes confere uma identidade afastada do processo de colonização. Os novos estudos propõem que lancemos o olhar para além dos termos genéricos e generalizantes como “tapuios”, “carijós”, “índios” etc., e que analisemos as relações estabelecidas entre os conquistados e conquistadores – levando em conta não apenas a diversidade dos ameríndios, mas também aquela dos europeus – e entre os indígenas e os africanos e afrodescendentes. O trecho estabelece ainda que no processo de conquista e colonização dar “nomes” e classificar os indígenas como aliados ou inimigos constituíam a política de domínio do conquistador, mas aceitar essa classificação e se colocar de um lado ou de outro foram partes da estratégia dos grupos nativos para a sobrevivência e manutenção de sua identidade, uma identidade que agregou e rejeitou elementos de outras culturas no contato com o estrangeiro de acordo com os interesses do grupo envolvido. Com esta questão homenageamos o antropólogo e historiador John Monteiro, que era docente da Unicamp e faleceu precocemente num acidente de carro no ano de 2013. John Monteiro trouxe esses estudos produzidos para diversas partes da América e demonstra como podem ser direções para os estudos de indígenas, apontando em que pontos precisamos ficar alertas para não ditar regras que não caibam na especificidade da colonização portuguesa, como é o caso do isolamento dos indígenas em relação aos negros, o que no Brasil não pode ser comprovado em razão da escassez de estudos sobre essas relações.