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35ª 36ª 37ª 38ª 39ª 40ª 41ª 42ª 43ª 44ª 45ª 46ª – Tarefa
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38ª questão

"Ninguém ouviu Um soluçar de dor No canto do Brasil."

Canto das três raçasLetra de Música

Sobre a canção escolha uma das alternativas:

 

Alternativas

A. Numa tentativa de síntese que vem do Brasil Colônia aos dias da ditadura, a canção reitera a ideia de três raças no processo de formação do Brasil.
B. A Inconfidência Mineira é citada na canção por ter como uma de suas bandeiras a abolição da escravidão no território brasileiro.
C. A canção, composta como samba-enredo a partir de um poema de Paulo César Pinheiro, foi gravada por Clara Nunes.
D. Para o autor da letra, o “canto brasileiro” é um lamento dos sofrimentos de índios, escravos, inconfidentes e trabalhadores.



 

Comentário

O “Canto das Três Raças” foi composto por Mauro Duarte (música) e Paulo César Pinheiro (letra) com o intuito de ser um samba-enredo para a Portela, o que não aconteceu. Clara Nunes gravou a canção no LP Clara, de 1976, alcançando grande sucesso.

A canção recorre à imagem corrente de três raças constituindo o Brasil. Ainda, a canção afirma que os inconfidentes lutaram “pela quebra das correntes”, mas, como mostram as pesquisas históricas, apenas alguns inconfidentes entendiam que a escravidão era incompatível com a causa da independência em relação a Portugal. Como afirma o historiador Luiz Carlos Villalta (UFMG), em artigo publicado em 2013, na Revista de História, “A Inconfidência Mineira foi uma conspiração abortada, protagonizada por membros das elites intelectual, política, social e econômica, quase todos brancos (a única exceção foi um mulato, sem importância no movimento). Com a intenção de reter em suas mãos as riquezas geradas na capitania, combatiam o monopólio da Coroa sobre o comércio e sobre a extração de diamantes, pediam o perdão de dívidas e defendiam a liberdade para estabelecer manufaturas. O que os inconfidentes queriam era participar do poder e de oportunidades de lucro, fossem elas lícitas ou ilícitas (o contrabando). Para isso, cogitaram diferentes soluções: implantar uma República (sua proposta predominante), ou que a família real (ou um de seus membros) viesse para o Brasil, ou que se fizesse alguma negociação com a Coroa portuguesa. Falavam na transferência da capital para São João del-Rei, na criação de uma Universidade em Vila Rica e na criação de milícias formadas pelos cidadãos, no lugar de um exército permanente. Sonhavam com apoios da França e dos Estados Unidos. Pensavam em alforriar mulatos e crioulos (escravos nascidos na colônia), mas houve oposição à ideia.”

Sobre o enredo, Paulo César Pinheiro contou, em Histórias das Minhas Canções, que a ideia surgiu sobre a exploração das três etnias, índios, negros e brancos, e que para compor a letra se lembrou de um poema seu, “Canto Brasileiro”, que falava sobre a formação da música popular brasileira. Esse poema foi gravado pelo autor no LP O importante é que a nossa emoção sobreviva nº 2, de 1976:

Meu coração é o violão de Espanha
Meu sangue quente é o banjo americano
A minha voz é o cello da Alemanha
Meu sentimento é o bandolim cigano

A minha mágoa é o som francês do acordeom
Meu crânio é a gaita de fole escocesa
Meus nervos são como bandoneon
Minha calma é igual guitarra portuguesa

Meu olho envolve como flauta indiana
Minha loucura é como harpa romana
Meu grito é o corne inglês de desespero

Maldito ou bíblico, demônio ou santo
Cada país foi me emprestando um canto
E assim nasceu meu Canto Brasileiro


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