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35ª 36ª 37ª 38ª 39ª 40ª 41ª 42ª 43ª 44ª 45ª 46ª – Tarefa
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35ª questão

O texto a seguir é um trecho da obra autobiográfica “Quarto de Despejo – Diário de uma favelada” (1960), de Carolina Maria de Jesus, escritora negra que produziu nos anos 1950 e 1960. Ela era moradora da favela Canindé, em São Paulo.

“(...) Chegaram novas pessoas para a favela. Estão esfarrapadas, andar curvado e os olhos fitos no solo como se pensasse na sua desdita por residir num lugar sem atração."

Quarto de despejoLiteratura

Uma interpretação possível do texto de Carolina Maria de Jesus é:

 

Alternativas

A. Descreve a chegada de novos moradores na favela do Canindé e a situação de precariedade social que os aguardava naquela vida, já conhecida pela escritora.
B. As metáforas dos desempregados como corvos, dos pobres às margens e da cidade como sala de visitas dão o tom lírico ao texto e revelam uma estética também “marginal” criada pela escritora.
C. O movimento da contracultura no Brasil foi responsável pelas poucas importância e circulação da obra de Carolina Maria de Jesus na década de 1960.
D. A metáfora do quarto de despejo remete a um lugar que abriga os elementos indesejáveis que não se quer visíveis na sala de visitas, ou seja, na cidade.



 

Comentário

Carolina Maria de Jesus (1914-1977) nasceu em Sacramento, Minas Gerais, sendo, portanto, uma migrante, nos anos de 1950, na cidade de São Paulo, local em que começou a trabalhar como empregada doméstica. Ao engravidar, tornou-se catadora de papel na antiga favela do Canindé. Não possuía formação escolar, além da primária – na qual cursou dois anos graças à caridade de uma escola espírita ainda em Sacramento.

Como catadora de lixo, encontrava obras que viriam a influenciar sua escrita, como Casemiro de Abreu e Castro Alves. Segundo declarou a pesquisadora Germana Henriques, no programa Tirando de Letra da UnBTV, no lixo onde Carolina Maria de Jesus encontrou as palavras com que criticou e pensou a sociedade em que viveu. Foi assim, catando lixo, que o jornalista Audálio Dantas a ‘descobriu’ em meados da década de 1950, e a ajudou a publicar seu diário autobiográfico em 1960, Quarto de Despejo – Diário de uma favelada.

O livro de 1960 imortalizou a metáfora de que a favela é o “quarto de despejo” da cidade, que abriga elementos que não são mais úteis. O desconforto sentido por ela no local onde mora face ao conforto da cidade, que aparece como uma elegante “sala de visitas”, manifesta uma sofisticada metáfora que indica forte crítica social, expressa na segregação urbana.

Carolina Maria de Jesus tornou-se conhecida na mídia que, de certa forma, tinha interesse em naturalizar a mobilidade social na dinâmica sociedade desenvolvimentista – o grande público da época, assim, a conhecia. A notoriedade internacional da escritora fez com que seu livro fosse traduzido em 13 idiomas. Em contrapartida, no Brasil, o governo ditatorial civil-militar dificultou a circulação de certo tipo de obras o que fez com que a figura de Carolina Maria de Jesus e sua obra sofressem um certo apagamento no movimento literário de então. Carolina teve um fim de vida modesto, num sítio que comprara em Parelheiros.

Nos anos 1990, o interesse pelo trabalho dela resultou no estudo do brasilianista norte-americano Robert Levine, em Cinderela Negra: a saga de Carolina Maria de Jesus (1994), e The life and death of Carolina Maria de Jesus (1995).

Carolina Maria de Jesus, a “poeta dos pobres”, ainda escreveu Casa de Alvenaria (1961), Pedaços de Fome (1963), Provérbios (1963) e Diário de Bitita (1982, póstumo).


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