"Ainda paira na lembrança de muitos o último grande surto de febre amarela que atingiu a região Centro-Oeste do Brasil."
Associando a leitura do texto aos seus conhecimentos, é possível afirmar que:
Alternativas
Comentário
As recentes campanhas de combate ao mosquito Aedes Aegypti, transmissor dos vírus da dengue e das febres Chikungunya e Zika, têm chamado a atenção da população para os impactos das atitudes individuais frente à expansão das doenças. A população é chamada a limpar seus quintais, removendo entulho e evitando o acúmulo de água limpa que pode levar à proliferação dos mosquitos, por exemplo. Pouco se fala, no entanto, sobre os problemas da atuação dos poderes públicos nesse cenário: falta investimento em saneamento básico e no abastecimento sistemático de água potável para aqueles que, em cenários de “crises hídricas”, são obrigados a armazenar água como podem; a expansão da especulação imobiliária em grandes cidades acaba criando grande número de casas e terrenos vazios; e também falta planejamento e estudo dos impactos causados por grandes obras em biomas como o cerrado brasileiro. No caso da região Centro Oeste, em particular, deve-se atentar para os impactos que as demandas dos complexos agroindustriais – especialmente da produção de grãos como soja e milho – têm causado no meio-ambiente, bem como para a expansão de um modelo energético pautado no aproveitamento dos potenciais hídricos da região, o que tem provocado sucessivas alterações nos regimes das águas, desalojando parte da fauna, destruindo vegetações nativas e alterando profundamente as relações entre as populações locais e o meio-ambiente. Ao demandarem uma expressiva mão de obra para sua realização, essas obras de alto impacto ambiental também promovem um fluxo migratório de homens e mulheres, levando à circulação dos elementos que podem provocar, direta ou indiretamente, doenças como a dengue. Altair Sales Barbosa destaca o surto de febre amarela vivenciado pela região Centro Oeste nos anos finais da década de 1990 e a epidemia de dengue na cidade de Goiânia, em 2010, como exemplos dos impactos de obras predatórias que alteraram as relações no meio ambiente, favorecendo a disseminação de doenças.