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Alternativas
Comentário
No dia 28 de fevereiro de 1986, o Presidente Sarney lançou, em rede de televisão e rádio nacionais, o Plano Cruzado. Esse plano econômico tinha como maior objetivo conter a inflação, que chegou à marca de três dígitos na década de 1980 e destruiu o poder de compra da maior parte dos brasileiros. O congelamento de preços era uma de suas medidas; o governo estabelecia uma tabela de valores que deveria ser respeitada por todos os estabelecimentos comerciais.
Conhecido por seu bigode, alvo de constantes chacotas pela mídia, Sarney proferiu um discurso acalorado pedindo que a população brasileira aderisse ao Plano Cruzado e fiscalizasse o congelamento de preços. Em pouco tempo, lojas, açougues e supermercados eram alvos dos auto-intitulados “fiscais do Sarney”, pessoas comuns que denunciavam os estabelecimentos que não seguiam as tabelas e, muitas vezes, davam até voz de prisão a gerentes e funcionários.
O sentimento de união em torno do Plano Cruzado presente na fala do presidente fazia parte do discurso nacionalista que falava sobre um novo Brasil para uma nova República que se firmava. Vale lembrar que José Sarney ocupou o cargo depois da morte do presidente Tancredo Neves quem, mesmo sendo eleito de forma indireta, representava o fim da ditadura no país. Os anseios por participação popular, duramente reprimidos durante a ditadura, foram, em certa medida, contemplados pelo chamamento de Sarney. Apesar da participação e adesão popular, demonstrados na charge, o Plano Cruzado fracassou no ano seguinte. A inflação persistiu incontrolada e ajustes de preços eram feitos várias vezes no mesmo dia.