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"Chega-se ao fim de uma batalha que durou oitenta anos, tantos quantos os da Academia: as mulheres de agora em diante poderão se candidatar às vagas, ganhar a eleição, vestir o fardão com o peitoril de ouro. Como será o fardão das damas? (...)"
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Comentário
Navegação de Cabotagem é um livro de memórias de Jorge Amado publicado em 1992. Nele, ao falar sobre a eleição de uma mulher para a cadeira nº 5 da Academia Brasileira de Letras, conta como as mulheres foram mantidas afastadas da agremiação de escritores por Machado de Assis, já em sua época de fundação. O texto é surpreendente ao trazer um importante ícone da literatura nacional (Amado) desconstruindo outro ícone da literatura brasileira (Assis) e, deste modo desconstruindo as reais motivações da própria Academia Brasileira de Letras que, no passado e no presente, permite que autores sem expressão literária ocupem as suas cadeiras. De fato, Machado de Assis foi o primeiro presidente da Academia, e seu discurso inaugural que abriu a primeira sessão em 20 de julho de 1897 pode ser lido aqui
A escritora de que fala o documento da questão, Júlia Lopes de Almeida, era considerada um dos maiores expoentes literários em seu tempo, ao contrário de seu marido, e à época possuía vários livros publicados. Ao fim, a primeira mulher eleita para a ABL, apenas em 1977, foi Rachel de Queiroz (ocupando a mesma a cadeira nº 5, que tem como patrono Bernardo Guimarães). Rachel de Queiroz faleceu em 2003 e a cadeira nº 5 é ocupada atualmente pelo historiador José Murilo de Carvalho, tendo como sócio correspondente o moçambicano Mia Couto.