]7ª ONHB – Olimpíada Nacional em História do Brasil

Questões


35ª 36ª 37ª 38ª 39ª 40ª 41ª 42ª 43ª 44ª 45ª 46ª – Tarefa
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42ª questão

"Chega-se ao fim de uma batalha que durou oitenta anos, tantos quantos os da Academia: as mulheres de agora em diante poderão se candidatar às vagas, ganhar a eleição, vestir o fardão com o peitoril de ouro. Como será o fardão das damas? (...)"

Escolha uma alternativa:

 

Alternativas

A. Jorge Amado tece uma crítica ao processo que leva escritores a serem “imortais” da ABL, processo esse muito mais ligado às questões de influência e política interna que à qualidade da produção literária.
B. Jorge Amado, na intenção de desconstruir Machado de Assis, exagera na importância literária de Júlia Lopes de Almeida, que era desconhecida e não havia publicado nenhum livro à época.
C. Júlia Lopes de Almeida abriu mão de fazer parte da Academia Brasileira de Letras como forma de beneficiar seu marido, bem menos conhecido do que ela.
D. O texto de Amado desconstrói o mito e a tradição literária da própria Academia Brasileira de Letras, incorporados na figura de Machado de Assis, a quem chama de machista, salafrário e aproveitador.



 

Comentário

Navegação de Cabotagem é um livro de memórias de Jorge Amado publicado em 1992. Nele, ao falar sobre a eleição de uma mulher para a cadeira nº 5 da Academia Brasileira de Letras, conta como as mulheres foram mantidas afastadas da agremiação de escritores por Machado de Assis, já em sua época de fundação. O texto é surpreendente ao trazer um importante ícone da literatura nacional (Amado) desconstruindo outro ícone da literatura brasileira (Assis) e, deste modo desconstruindo as reais motivações da própria Academia Brasileira de Letras que, no passado e no presente, permite que autores sem expressão literária ocupem as suas cadeiras. De fato, Machado de Assis foi o primeiro presidente da Academia, e seu discurso inaugural que abriu a primeira sessão em 20 de julho de 1897 pode ser lido aqui

A escritora de que fala o documento da questão, Júlia Lopes de Almeida, era considerada um dos maiores expoentes literários em seu tempo, ao contrário de seu marido, e à época possuía vários livros publicados. Ao fim, a primeira mulher eleita para a ABL, apenas em 1977, foi Rachel de Queiroz (ocupando a mesma a cadeira nº 5, que tem como patrono Bernardo Guimarães). Rachel de Queiroz faleceu em 2003 e a cadeira nº 5 é ocupada atualmente pelo historiador José Murilo de Carvalho, tendo como sócio correspondente o moçambicano Mia Couto.


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