Sobre o documento e o contexto ao qual ele faz referência, assinale uma das alternativas:
Alternativas
Comentário
A edição especial do jornal Correio do Natal informou com grande júbilo o fim da escravidão no município de Mossoró, então parte da Província do Rio Grande do Norte, aos 30 de setembro de 1883. O jornal, bem como outros títulos locais, destacou o vanguardismo dos mossoroenses, chamando-os “heróis”, e associou uma série de qualidades a essas figuras. Essa escolha, que permeia todo o discurso do documento, omitiu as possíveis causas políticas, sociais e econômicas que teriam colaborado para o fim da escravidão no município, divulgando determinada memória acerca do fato. Durante algum tempo, e a partir de leituras positivistas de fontes como o próprio Correio do Natal, a historiografia sobre a abolição em Mossoró reafirmou o caráter heroico e vanguardista do movimento, reiterando imagens do passado histórico local. No final da década de 1990, Emanuel Pereira Braz investigou aspectos da economia mossoroense – das primeiras atividades até o surto da economia na segunda metade do século XIX – e propôs uma revisão historiográfica, dissociando a abolição local das atitudes heroicas da população. Para esse historiador, outros fatores como a predominância do trabalho livre local e a rede de tráfico interno de escravos (daquela região para os cafezais) teriam desencadeado o movimento abolicionista, que, claramente, não contou com a adesão de todos os proprietários de escravos. Apesar desse esforço relacionado à proposta de uma nova memória mais crítica sobre o evento, monumentos, festividades e discursos proferidos pela elite política do município ajudam a preservar aquela história que associa a cidade ao vanguardismo nas lutas pela libertação dos escravos.
No documento, o trecho “O lábaro da redenção dos cativos transportou-se altaneiro do solo Acarape do invicto Ceará e veio hastear-se garboso e tremular igualmente nas plagas mossoroenses do Rio Grande do Norte!”, indica que os movimentos de libertação teriam começado no Ceará, mais precisamente no município de Acarape – hoje chamado de Redenção. No entanto, é preciso matizar o real alcance da abolição nesses municípios, tanto no Ceará quanto no Rio Grande do Norte, já que é possível que nem todos os senhores tenham, de fato, libertado seus cativos, postergando a ação até meados da implantação de Lei de 13 de maio de 1888.