A partir da notícia de jornal e da fotografia, selecione uma das alternativas:
Alternativas
Comentário
Na década de 1920, a cientista Marie Sklodowska Curie (1867-1934) já era notável em todo o mundo: conquistara dois Prêmios Nobel, o primeiro de Física (1903) e o segundo de Química (1911), por suas pesquisas sobre a radioatividade e descobertas dos elementos químicos polônio e rádio. Veio ao Brasil a convite do Instituto Franco-Brasileiro de Alta Cultura, uma instituição voltada à divulgação científica, sediada no Rio de Janeiro. Com sua filha, Irène, Marie Curie passou 45 dias no Brasil, entre os meses de julho e agosto de 1926, visitando diversos lugares, como o Museu Nacional, onde a feminista e bióloga Bertha Maria Júlia Lutz (1894-1976) se dedicava aos trabalhos em botânica e zoologia – apesar de ter ingressado como secretária, por meio de concurso público. Por isso, quando chegou ao Brasil, Curie foi alvo da imprensa nacional: dos jornais, como O Imparcial, mas também do rádio, que passou a divulgar a agenda da cientista, com suas visitas e palestras. De acordo com o Dicionário Crítico de Escritoras Brasileiras (COELHO, 2002, p. 92), Bertha Lutz, já em meio à luta feminista, participou como delegada da Conferência Pan-americana da Mulher, em Baltimore (EUA), e, quando retornou ao Brasil, empenhou-se pela formação da Federação pelo Progresso Feminino. Formada por mulheres de elevada escolaridade, como Jeronyma Mesquita e Esther Ferreira Viana, a entidade sediada no Rio tinha como um de seus objetivos a emancipação feminina por meio da educação.
Na fotografia, Marie Curie, sentada, ocupa o primeiro plano, lugar de destaque. O documento, além de registrar o importante evento, oferece pistas acerca daquele período histórico, marcado pelo progresso e pelo interesse científico, mas, também, cenário de uma série de transformações culturais, que envolveu, inclusive, uma nova postura das mulheres, relacionada à emancipação. Para a historiadora francesa Michelle Perrot (Minha história das mulheres, 2012, p. 60), a década de 1920 afirmou muitas tendências: a juventude, a modernidade, a vontade de se emancipar das modas de outrora, do mundo de antes da Primeira Guerra Mundial. Madame Curie, Bertha Lutz, Irène e Heloísa Torres, na fotografia, vestiram, literalmente, essa nova tendência: seus cabelos são curtos e seus corpos livres de espartilhos.
Atualmente, os debates em torno da presença feminina nas chamadas “ciências duras” (matemática, física, química e engenharia) – ainda muito tímida, se comparada a dos homens – ganha destaque, desnaturalizando ideias e comportamentos estritamente relacionados à questão de gênero.