Questões


23ª 24ª 25ª 26ª 27ª 28ª 29ª 30ª 31ª 32ª 33ª 34ª – Tarefa
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27ª questão

“Entram Patrício e Benedito, casacalmente vestidos, procurando apresentar-se o mais elegantemente possível. (...)"

Tudo Preto, 1926Roteiro de Teatro

"(...) por mais que diversas peças dos anos 1920 mostrem malandros e mulatas representando um alegre, festivo e mestiço caráter nacional, isto não significa que todos os espectadores voltassem para suas casas convencidos de que esta associação seria plenamente verdadeira, ficando orgulhosos com esta constatação. (...)"

Um espelho no palcoTexto Acadêmico

É possível afirmar que:

 

Alternativas

A. Os documentos se referem à Companhia Negra de Revistas e à peça teatral “Tudo Preto”, de autoria de De Chocolat, encenada no ano de 1926 nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo.
B. Conforme o pesquisador, a peça, ao abordar o tema da mestiçagem e da participação negra na cultura nacional, teve diferentes recepções e efeitos sobre seu público.
C. O teatro de revista, com peças cômicas e festivas, não era o veículo apropriado para abordar temas tão prementes quanto os raciais.
D. Nas falas dos personagens da peça, há uma valorização ao elemento negro que utiliza, a seu favor, brincadeiras e críticas recorrentes na sociedade.



 

Comentário

Nascido das Revistas de Ano, gênero teatral bastante difundido no Rio de Janeiro nas duas últimas décadas do século XIX e que teve em Artur Azevedo seu maior expoente, o teatro de revista se firmou como um importante veículo de entretenimento e cultura de massa nas primeiras décadas do século XX, abordando temas que estavam em voga no período – daí a denominação “revista” ou “passar em revista” os assuntos em evidência. Considerado injustamente como um gênero menor, em função de servir como entretenimento para as camadas menos cultas da sociedade, o teatro de revista trazia uma grande profusão de números musicais, danças, piadas de duplo sentido e linguajar muitas vezes considerado chulo. Muitos temas importantes para a sociedade do período foram veiculados pelo teatro. No caso em questão, os temas raciais e da mestiçagem foram reforçados com o surgimento de uma companhia formada por artistas negros e que teve seu auge na encenação do espetáculo “Tudo Preto”, trazendo a discussão sobre uma pretensa democracia racial no auge dos debates sobre a construção de uma identidade nacional.

O tom satírico do texto teatral pode parecer, à primeira vista, autodepreciativo; no entanto, o simples surgimento de uma companhia composta por negros já era, em si, um movimento político importante, e a companhia foi bastante aclamada pela imprensa militante do período. A referência a importantes personalidades negras como Henrique Dias, Cruz e Souza, André Rebouças, Luís Gama e José do Patrocínio dá a dimensão da imagem que o autor advogava para a companhia, ou seja, assumir o papel de transformadores de seu próprio contexto ao organizar uma companhia “com gente da raça”. Ainda, mesmo as brincadeiras e ironias com os participantes de “Tudo Preto” indicava como diferentes sentidos podiam ser interpretados pelas plateias, aí inclusas várias camadas sociais e os afrodescendentes.


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